sábado, outubro 08, 2011

O pai dos Portas numa lição de ética

Nuno Portas em entrevista à Única ( Expresso) de hoje, sobre a circunstância de serem quatro irmãos "todos do contra" o salazarismo e à pergunta sobre como o pai deles reagia a tal fenómeno:

"Sempre nos demos muito bem. De vez em quando discutíamos. Mas ele respeitava-nos e nós respeitávamo lo como estadonovista, porque era extremamente sério e dedicado à comunidade. Estava era completamente equivocado. Já muito tarde disse me: ´Convosco eu tinha de defender o Estado Novo, mas há uma coisa que o Salazar fez que foi gravíssima, um erro tremendo e foi a partir daí que comecei a perceber que vocês teriam alguma razão, foi não ter deixado discutir as colónias`. Isso chega."

Esta pequena frase dava um tratado sobre o Estado Novo. Ou um romance. Que não me parece que exista, apesar dos escritores que na altura escreviam para a gaveta e chegados ao 25 de Abril se viu que era sem fundo...

Outra passagem deliciosa é esta, sobre a génese do MES que não o aceitou como membro...
"Não aceitava membro do governo burguês, como se não fôssemos igualmente burgueses. Foi um amigo meu, não foi nenhum malandro quem mo disse, posso ainda acrescentar que em seis meses estavam todos fora. Inclusive esse."

Esta frase é extraordinária porque mostra o que eram as pessoas de esquerda, já adultas e presumivelmente com o juizo todo. Esta concepção da vida e do mundo que tinham nessa altura, nem era infantil sequer. Era absurda e perigosa. E mesmo assim, fizeram carreira, nunca se arrependeram, fizeram percurso político, mandam no país e nada esqueceram. Nem aprenderam...

Questuber! Mais um escândalo!