quinta-feira, outubro 27, 2011

"Ninguém está imune aos sacrifícios" ...menos o pai do monstro

A frase do título é de Cavaco Silva, o nosso conselheiro Acácio ( Carvalhas dixit). Como presidente da República acha-se no pleno direito de viajar, tal como outros o fizeram antes. Viajar para longe e com comitivas alargadas, à custa de todos aqueles que não estão imunes aos tais sacrifícios e por isso deixam de viajar, porque o dinheiro que recebem ao fim do mês não o permite.
A nossa situação actual, social e económica, segundo alguns comentadores ( Vasco Pulido Valente, na última crónica chamou-lhe o "pai do monstro") deve-se directamente e em grande parte às opções políticas dos governos de Cavaco Silva na década de noventa, com a expansão betuminosa e faraónica que se estendeu por todo o litoral, ao arrepio de um senso comum que depois parecia retomado mas sempre com muitas cautelas para não aborrecer ninguém e assegurar a reeleição. As opções políticas tipicamente keynesianas e intervencionistas, com o Estado a gastar à tripa forra não é apanágio apenas dos governos de Cavaco e diga-se em abono da verdade que se os governos seguintes tivessem seguido os seus conselhos ( não fazer os estádios, poupar mais, etc) teríamos outra situação financeira. Mas não é apenas isso que conta. O essencial é o modelo económico e social que Cavaco apadrinhou e esse, vê-se agora, está errado porque conduziu aos BPN, ao despesismo, ao novo-riquismo e finalmente ao empobrecimento geral. O "monstro" nasceu nesse caldo de cultura que Cavaco alimentou.
Em vez de intervir a tempo e com eficácia durante o primeiro mandato presidencial, fê-lo timidamente, com recados que foram sempre desvalorizados e que depois não eram repetidos, com medo de falhar a reeleição ou cobardia política típica de quem não é frontal.
Afinal, uma reeleição que serve essencialmente para isto: viajar, dar uns palpites desnecessários e inoportunos, contrariar opções políticas e legítimas do governo que está quando nunca o fizera antes com tanta veemência, reunir um conselho de Estado inútil e gastar do orçamento que lhe destinam.
Em Portugal, segundo o jornal i de hoje, o presidente da República gasta 16 milhões de euros por ano nestas andanças. O dobro do que gasta o rei de Espanha. Cavaco tem ao seu serviço 500 pessoas. Juan Carlos 200. Cavaco tem 12 assessores e 24 consultores, além de um séquito pessoal que o acompanha nas viajens.
Uma destas viajens e que se segue à última que fez aos Açores com 30 pessoas na comitiva, é já nos próximos dias 27 e 28 de Outubro, ao Paraguai, para uma Cimeira Ibero-Americana. Leva 23 pessoas. O primeiro-ministro, segundo o i, leva 4, incluindo guarda-costas.

Alguém diga ao presidente da República que não é um rei. E se fosse, que andava nu e deveria tapar-se enquanto é tempo.

21 comentários:

zazie disse...

Essa do Keynes ser culpado da auto-europa...

":O+

zazie disse...

Mas o Cavaco sempre foi assim- sempre a tratar da sua vidinha.

O Estrangeiro disse...

O José acabou de listar as principais razões que me levam a ser contra a chefia de estado electiva: representatividade parcial, agenda pessoal acima do interesse colectivo, actuação política tendenciosa, preço suportado pelos contribuintes. E todos afinaram pelo mesmo diapasão: um primeiro mandato a fazer de morto e no segundo não descansaram enquanto não colocaram o seu partido no poder. Deve ser isto a
Qualquer um deles não irá ficar na História pelas melhores razões, mas acredito que o actual só lá está porque qualquer um dos ouros seria bem pior. Valha-nos a Santa Engrácia! A quem estamos entregues…
Quanto ao seu penúltimo parágrafo, trata-se da ética republicana (seja lá o que isso for) em todo o seu esplendor.
Repare-se agora a suprema ironia: o republicano mor desta terra, MS, considerou-se a si mesmo uma espécie de rainha de Inglaterra e fez tudo para deixar o "príncipe herdeiro" no seu lugar.

zazie disse...

Sem dúvida.

Floribundus disse...

o ppd era e continua keynesiano.
alguns dirigentes mais que outros.nunca enganou ningúem.
é o menor dos males desta revolução socialista.
não arruinou o país.

por mais que que o PR fale o ps tem sempre no mínimo 1,5 milhões de devotados votantes

Portas e Travessas.sa disse...

Muito bem, josé

AAA disse...

Não subscrevo o primeiro parágrafo. A expansão betuminosa era necessária porque nós não tínhamos vias de comunicação. Isso faz toda a diferença. Ponto.
Claro que houve excessos e muitos (obras com derrapagens enormes, opções erradas para satisfazer clientelas, etc) mas é preciso analisar como era o país antes e depois de Cavaco: melhor ou pior? Essa é a pergunta. Para mim não restam dúvidas.
E quanto às contas (défict e dívida externa) é ver como ele as deixou e ver como estão agora.
Quanto ao resto, totalmente de acordo. Não votei nele nas últimas eleições porque não voto em palhaços. Fez figura de palhaço quando o outro nos levava para o abismo. E não tem o mínimo perfil para Presidente.

josé disse...

As obras de betão não foram só estradas. E quanto à modernização das vias completamente de acordo. O problema reside nos exageros e no devorismo das construtoras que foi acaparado pelos governos de Cavaco.

E o caso Dias Loureiro SLN é o mais exemplar do que correu mal.

O caldo de cultura que nos trouxe a este beco foi começado por Cavaco, disso não tenho dúvidas.

Portas e Travessas.sa disse...

E a obra do Centro Comercial Belém...segundo se dizia à boca cheia - começou e foi orçada. em 17 milhões e terminou com os adicionais, em 70 milhões - nunca se soube ao certo o seu custo e o seu benefício - hoje, sabe-se, é uma infra estrutura que só dá despesa e está sempre ás moscas.

O custo/benefício tanto do agrado do dr. Anibal não funcionou - por isso se diz - foi uma obra cavaquista - nem o Tomaz teve esse previlégio este, inaugurou o Estádio do Restelo como Presd. do Belenenses.

josé disse...

Aparvalhado:

Esse exemplo é apenas um de entre muitos. Os maiores não são do tempo do Cavaco: são do tempo do Inenarrável José Sócrates que V. defende sempre à outrance.

José Sócrates devia ser julgado criminalmente como os islandeses fizeram ou querem fazer ao primeiro-ministro.

José Sócrates foi o maior embusteiro que Portugal já teve como governante, na sua História quase milenar.

É obra!
É um aldrabão de tal calibre que suspeito mesmo que não está em Paris a estudar sequer. E se tal for verdade, vai-se saber.

josé disse...

Vocês que defendem esse Inenarrável ( porque de facto não há palavras para o classificar) fazem-me lembrar os defensores do Vale e Azevedo. Até ao fim sempre o defenderam como uma pessoa de bem. E depois de ser condenado continuam com dúvidas...

Carlos disse...

Até concordo com o José sobre o inanarrável. Mas, não será pior, um tal sr. Silva que, não só deu início ao monstro e cobertura aos seus executantes, como deixou passar em claro todo o xercício do inanarrável?

Carlos disse...

Até concordo com o José sobre o inanarrável. Mas, não será pior, um tal sr. Silva que, não só deu início ao monstro e cobertura aos seus executantes, como deixou passar em claro todo o xercício do inanarrável?

josé disse...

Por isso é que a paternidade do Monstro lhe é imputada.

Portas e Travessas.sa disse...

Ó José, fez ópera ou canto?

é que para si todos são inanrravéis

Para mim, o inanarrável, xuxualistas, fez a 4ª classe na marreca ao domingo, foi tão só o melhor 1º Ministro depois do 25 de Abril.

Não me diga que prefere o tal que se ofereceu como uma "meretriz" a Bruxelas e deixou pendurado o seu padrinho - o padrinho que, destruiu o galinheiro do Salazar para fazer uma piscina na sua antiga residência.

JC disse...

Aparvalhado:

O CCB não está bem às moscas.
Alberga o museu do amigo Berardo, pau-para-toda-a-obra do amigo Vara e dos demais interesses pseudo-bancários.
O tal do "faquiú", se é que se lembra.

Quanto ao inenarrável, consta que anda a pagar almoços em Paris em restaurantes de luxo a ilustres desconhecidos, onde o prato do "spaghetti" e do "raviolli" nunca custam menos de € 100,00 a dose...

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/exclusivo-cm/jose-socrates-paga-almocos-em-paris222312170

Zé Luís disse...

Olha para o que eu digo, não para o que eu faço.

E mais vale cair em graça que ser engraçado.

Cavaco só sente o que o povo sente. Ele não é do povo?

Portas e Travessas.sa disse...

Ó JC faz confiança no correio da Manha...vá lá, é de luxo... ficava preocupado era se fosse numa tasca parisiense.

Valha-meu Deus, o Correio da Manha, bendito seja que não leva o til

Manuel de Castro disse...

Como na Islândia! Só desta forma chegaremos a níveis mínimos de transparência e seriedade.

Karocha disse...

ZéBonéOaparvalhado

Sabe por acaso, a que grupo pertence, o Correio da manhã,sem til???

hajapachorra disse...

Como na Islãndia? Náo, para vir uma primavera democrática tem que ser como na Líbia.

A obscenidade do jornalismo televisivo