O Correio da Manhã de hoje dedica algumas páginas ao fenómeno recorrente das chefias de serviços públicos em Portugal que trabalham demais...
Numa entrevista desenvolvida em duas páginas, o bastonário da Ordem dos Médicos diz que "não há problema nenhum em os médicos trabalharem mais horas, desde que lhes paguem justamente." E para tal "vamos discutir o vencimento-base dos médicos, colocá-lo num nível justo. E se for preciso que os médicos trabalhem mais horas, não lhe vamos chamar horas extraordinárias, vamos pagar-lhes o preço pelas horas que trabalham a mais".
Como foi notícia recente, num hospital algarvio, um médico de oftalmologia conseguiu a proeza de ganhar no serviço público qualquer coisa como cerca de 700 mil euros num ano...mas diz que não " tem de prestar contas a ninguém". Pois não. A Ordem dos Médicos não tem poder para tal e foi com certeza no tal esforço suplementar, para diminuir listas de espera em cirurgia oftalmológica que o médico lá auferiu pelos trabalhos a mais. O Bastonária sobre isto nada tem a dizer, sobre estes "trabalhos a mais".
De resto, as administrações hospitalares, com cinco administradores por hospital não se fazem rogados nas mordomias a cargo do erário público. É ler...
Também no mesmo jornal e mesmo sentido de trabalhos suplementares aparece a notícia de que os gestores da CP, particularmente de uma empresa na qual a CP é o único accionista, os administradores queriam comprar popós novos e qualidade média ( Skodas Octavia) certamente para os seus quadros intermédios que trabalham de mais. Foi cancelada a ideia, mas fica a intenção...
Com estas e muitas outras como esta, não há estado social que resista nem falência de país que se possa adiar.