Jorge Miranda, um dos ‘pais’ da Constituição da República, considera «horroroso» o processo de nomeação de três juizes para o Tribunal Constitucional (TC), feito esta semana pelo PS, PSD e CDS. «É a partidarização mais completa do TC. É um sistema horroroso e um precedente gravíssimo» – diz ao SOL o constitucionalista e professor da Faculdade de Direito de Lisboa, sobre o facto de Conde Rodrigues, Saragoça da Matta e Fátima Mata-Mouros terem sido anunciados à vez, pelo PS, PSD e CDS, respectivamente.
«É inadmissível que estas propostas de eleição pela AR apareçam como propostas de partidos. Antes, o que havia era uma proposta conjunta, em lista, um acordo tácito dos dois maiores partidos, embora se pudesse saber mais tarde quem tinha indicado quem», recorda Jorge Miranda.
Para além disto, o Sol relata que o nome de Conde Rodrigues resultou de uma escolha "pessoal" de António José Seguro.«É inadmissível que estas propostas de eleição pela AR apareçam como propostas de partidos. Antes, o que havia era uma proposta conjunta, em lista, um acordo tácito dos dois maiores partidos, embora se pudesse saber mais tarde quem tinha indicado quem», recorda Jorge Miranda.
O nome já suscita muita polémica e o jornal Público de hoje aponta alguns factos que acrescem desprestígio a um nome que já nem era consensual: enquanto governante ( secretário de Estado de Alberto Costa) interveio em negócios que suscitam dúvidas quanto à transparência dos mesmos.
Por outro lado toda a gente indica que foi juiz durante "ano e meio", tendo entrado nos TAF´s ( tribunais administrativos e fiscais) em 2003 e saído em 2005. Em Junho de 2011 foi autorizado a gozar uma licença sem vencimento de longa duração.
Tal tem efeitos sérios na sua "retoma" como juiz em efectividade funções...conforme o CSTAF tem entendido. A ver vamos...
ADITAMENTO:
O Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais (CSTAF) já não vai apreciar o pedido de levantamento da licença sem vencimento de José Conde Rodrigues, candidato proposto pelos socialistas para juiz do Tribunal Constitucional (TC).
Conde Rodrigues, que está de licença sem vencimento desde 1 de Julho do ano passado, entregou o seu pedido ao CSTAF na segunda-feira, depois de o PS ter reparado que a candidatura do ex-secretário de Estado da Justiça e mais tarde da Administração Interna não poderia ser integrada na quota dos juízes para o TC.
Conde Rodrigues, aliás, exerceu as funções de juiz durante pouco tempo, entre 2003 e 2005. Depois disso entrou para o Governo socialista, de onde saiu apenas após a derrota do PS nas legislativas de 2011.
O PÚBLICO tentou contactar Conde Rodrigues, mas este mantém o seu telemóvel desligado.
Membro do Grande Oriente Lusitano, a obediência maçónica mais influente no país, Conde Rodrigues está envolvido em negócios polémicos feitos na Justiça durante os Governos de Sócrates, tal como o PÚBLICO noticiou hoje.
Ficou assim resolvido esse problema, mas subsiste um outro:
Artigo 14.º do Estatuto dos Magistrados Judiciais:
Os magistrados judiciais na situação de licença de longa duração não podem invocar aquela qualidade em quaisquer meios de identificação relativos à profissão que exercem.
Portanto, se o PS insistir no nome, indica um jurista, mas não um juiz.
O melhor, para esta coisa não piorar ainda mais ( se é que ainda será possível tal coisa...) é mesmo fazer como o advogado Saragoça da Mata: desistir e preservar alguma dignidade.
Por outro lado, desconfio muito da atitude do Público nesta matéria. É demasiado empenho para uma coisa destas quando têm havido outros problemas que nem lhes suscitam atenção...