O actual PGR Pinto Monteiro tem a oposição da maioria dos magistrados do MºPº e do próprio sindicato. Tem alguns membros do CSMP abertamente contra si. Segundo o Correio da Manhã de hoje, já anunciou que não vai à tomada de posse do novel presidente do Sindicato, Rui Cardoso, por motivos de "agenda" mesmo sem ter agendado nada de especial para a tarde de amanhã.
Segundo o mesmo Correio da Manhã, numa reunião recente com alguns membros do CSMP, terá "insultado" o presidente cessante do Sindicato, João Palma e ofendido a actual ministra da Justiça, de quem depende institucionalmente, pelo menos em parte, manifestando que dantes, com os ministros socialistas é que era bom...
Se isto forem factos ( e o próprio PGR terá indicado ao CM que são "conversas inventadas", o que coloca em causa a honra de quem as terá ouvido) o PGR não tem muito futuro institucional à sua frente e certamente não chega a Outubro, data final para um mandato que não deixa qualquer saudade e, pelo contrário, marcou muito negativamente o MºPº.
Hoje mesmo, de manhã, o PGR justificou o atraso processual no caso dos submarinos ( está no DCIAP que depende directamente do PGR) com falta de verbas para perícias. À tarde a ministra da Justiça desmentiu o PGR e afirmou que não recebeu qualquer pedido para verbas desse tipo. O caso é tão grave que a humilhação é imensa e devia justificar, por si, a demissão.
Porém, para tal efeito terminante, só a intervenção do presidente da República será decisiva. O presidente da República, nesta matéria tem tido um comportamento esfíngico e mesmo intrigante e a questão de saber por que motivo ainda não demitiu o PGR continua a intrigar os passantes.
Tal como o mito da Antiguidade Clássica, Cavaco devora respostas erradas a eito. Por que não demite o PGR Pinto Monteiro?
A quem responde que é por causa da estabilidade institucional, Cavaco devora e engole um naco de bolo rei.
A quem responde que é por não haver motivos suficientes, zás! outro naco com frutos secos.
A única resposta susceptível de evitar o gesto devorador de argumentos será eventualmente esta:
Cavaco Silva não demite o PGR Pinto Monteiro porque não pode.
E isso é um drama porque se alguém a der com demonstração de factos, Cavaco terá a mesma sorte que esfinge antiga: cai do pedestal.
Aditamento em 18.4.2012:
O Correio da Manhã de hoje anuncia que a propósito do processo dos submarinos, pendente no DCIAP, "Justiça desmente Pinto Monteiro".
A notícia não é desmentível porque os factos terão vindo da própria Cândida de Almeida ( será esta a sua vingança?), directora do DCIAP, mais do director da PJ, Almeida Rodrigues e ainda da ministra da Justiça que pediu todos os elementos àqueles para se pronunciar ontem, negando à tarde, aquilo que Pinto Monteiro tinha afirmado de manhã- que o atraso processual era devido a falta de pagamento de perícias, pelo ministério da Justiça.
Ou seja, Pinto Monteiro procurou endossar responsabilidades pelo atraso a quem as não tem e disse-o publicamente comprometendo a sua posição institucional.
Não é a primeira vez que o faz e nem por isso o presidente da República actuou. Segundo tudo indica também não vai ser desta, demonstrando mais uma vez a posição esfíngica de não atender a factos suficientemente graves para uma atitude que já devia ter tomado há muito.
Porque não o faz? É a tal resposta cabal que falta dar...
Entretanto, como o caso dos submarinos tresanda a Paulo Portas, enquanto ministro da Defesa de um governo antigo, lá aparece a nemesis Ana Gomes, a sugerir a demissão do PGR porque " a demissão da equipa de procuradores, há mais de um ano, impediu que a Justiça faça o seu trabalho."
Ana Gomes lá sabe o que lhe disseram no Rato...e neste processo constitui-se assistente, para ajudar o MºPº. No caso Freeport e Face Oculta que envolve figuras gradas do PS, isso agora "não interessa nada". São tudo cabalas.
Ainda segundo o Público de hoje, na última página e comentando o desmentido de que foi alvo Pinto Monteiro:
"O PGR protagonizou mais um episódio pouco dignificante para a justiça, da qual ele é um dos principais representantes. (...) Será que um caso com a gravidade deste pode ficar por aqui?
É ao presidente da República que deve ser endereçada a resposta, mas...cuidado com a sua formulação!