
Acaba por concluir que tal pode ser perigoso para a sociedade no seu todo e para o indivíduo que assim actua. Para a sociedade porque há situações que se preferem ignorar, colectivamente. Um exemplo disso? Medina Carreira, durante anos exprimiu-se em parrésia, para desconforto de muitos e desconsolo de alguns.
Pagou individualmente com os vitupérios que levou, de cassandra para baixo. A sociedade portuguesa, há meia dúzia de anos, não estava preparada para ouvir as verdades nuas e cruas e preferiu acreditar num charlatão evidente, num aldrabão das dúzias que deu sobejas provas de tal carácter ( e continua a dar).
Também por aqui, neste blog, sinto muitas vezes a tentação de cair em parrésia. O que me contém, por vezes ( mas nem sempre) , é a noção de que com o tempo a verdade vem sempre ao de cima social.
Portanto, ter razão antes do tempo ou dizer as verdades que se conhecem, sem subterfúgios, elipses ou eufemismos, comporta riscos pessoais, se aqueles com quem nos metemos têm poder para nos prejudicar.
Não contar com esse efeito pode ser um acto de estupidez ou apenas uma irresistível vontade de desafio.
Escolham.