terça-feira, abril 03, 2012

Temos o que merecemos, nos media?

Pedro Lomba na sua crónica de hoje, no Público, assesta baterias opinativas sobre os comentadores políticos que invadem em chusma as redacções dos media.
"Qual a razão para os jornais e televisões domésticas estarem cheios de políticos em funções, deputados, antigos ministros, fazendo o papel de comentadores interessados, de jogadores e até de árbitros ou de pretensos observadores externos de um meio em que os próprios estão ou acabaram de estar profissionalmente envolvidos?"

Esta pergunta nada ociosa mas inconsequente porque o fenómeno não é percebido por quem decide nas redacções, tem uma resposta opinativa, também.

A meu ver esta invasão de politiquice ( Magalhães e Montenegros ou Relvas ou Medinas e Zorrinhos) tem a ver com a excessiva politização partidária dos media, em detrimento de uma liberdade de não pertença. Explico: quem manda nas redacções dos media, em Portugal, tem opções políticas que são muito bem conhecidas dos patrões, incluindo o Estado.
Não é por acaso que se escolhe este, esta ou aquele, para dirigirem a informação televisiva, a mais importante em termos de influência mediática.
A melhor escolha é a que resulta de um paradoxo: o nome escolhido ser consensualmente "isento", mas inerentemente comprometido. As escolhas recentes assentam em pessoas que pretendem mostrar uma independência que nunca tiveram, uma isenção que sempre lhes escapou, mas que brandem como um qualificativo profissional inquestionável.
Essa arte de escolher simuladores é de alto gabarito, mas os patrões conhecem-na muito bem.
Os espectadores e leitores descobrem-na depois, mas nas entrelinhas, nas opções redactoriais, nas notícias escolhidas, nos alinhamentos preferidos, enfim, numa idiossincrasia política inevitável.
É isso que temos por cá, com raríssimas excepções e o problema é sempre o mesmo: excessiva politização partidária das chefias redactoriais.

Basta ler o Público de hoje e o editorial da incrível São José Almeida, muito constrangida pelo "ataque" ao lider do PS, da banda de Marcelo Rebelo de Sousa. O assunto merece foros de editorial e percebe-se o que move aquela directora de jornal: política partidária pura e simples. Jacobina, ferrista e inaceitável num jornal como o Público.
Poderíamos perguntar se temos o que merecemos nos media. Não, não temos. A maioria das pessoas não quer saber de jornais e o Público vende cada vez menos com estas ideólogas de serviço. Sobre as tv´s, é quase igual: o alinhamento das notícias em alguns dias chega a ser aflitivamente confrangedor pela similitude de opções noticiosas.
Uma desgraça nunca vem só e a nossa, económica, vem acompanhada desta desgraça mediática. Resta saber quem determinou o quê e estou em crer que com melhor informação seríamos outros. Seríamos alguém, como cantava José Afonso, noutro contexto completamente diverso.

8 comentários:

Mani Pulite disse...

Nem vale a pena mencionar os jornalistas do lamentável Público.Quem traiu os seus leitores foi só o filhinho do papá com baixos cálculos de baixa política.

Anónimo disse...

Rui Rio falou disto ontem à noite, no programa com Medina Carreira. Não me lembro de um político ser tão claro na televisão quanto à necessidade de combater esta praga de informação falsa, distorcida ou omitida com que o país é diariamente servido. No caso dos desacatos em Lisboa, mal apareceram os vídeos a mostrar o vandalismo e provocação organizada que precedeu a intervenção policial, a notícia que durava há dias desapareceu completamente. Evapoprou-se. Só que esta evaporação não é natural, é sintética, de má fé e tem cores.

Vivendi disse...

A grande comunicação social transformou-se numa rede de camuflagens, cada vez menos confiável, mentiras estruturadas, e com projetos de engenharia social.

vivendi-pt.blogspot.com

muja disse...

Eu arriscaria eventualmente uma explicação mais prosaica, sobretudo acerca dos "comentadores" que não são políticos "profissionais" - são, no fundo, o reverso da medalha destes.

Há políticos "profissionais" que são comentadores "part-time" e há comentadores "profissionais" que são políticos "part-time". Todos fazem o mesmo: nada. Todos vivem do mesmo: os políticos falam sobre o que os comentadores comentam, e os comentadores comentam o que os políticos dizem. São duas partes altamente complementares do mesmo sistema. E o sistema, esse, necessita do seu combustível: o dinheiro dos contribuintes.

Hoje em dia parte-se do princípio que as pessoas são analfabetas e estúpidas e, consequentemente, necessitam que alguém explique o que os políticos dizem (muito embora durante o negro fassismo, se ensinasse a Organização Política e Administrativa da Nação no liceu... eram os tempos do "obscurantismo").
Esses comentadores dão o "spin" que querem (ou que lhes mandam dar) ao que comentam. Com efeito, muitas vezes, o comentário substitui o dito inicial. Raios me partam se isto não é o mesmo que aqueles tipos que passavam o dia a re-escrever notícias antigas "incoerentes" no 1984. A única diferença é que agora é em tempo real...

joshua disse...

Pensei logo no Ricardo Disco-Rígido Costa.

Zé Luís disse...

Excelente observação e pertinente comentário.

Até pensei que o jose ia partir para cima da Judite outra vez.

Ontem à noite, o Medina Carreira desarmou a cretina por duas vezes. Duas claras vezes.

A moça gosta de "aparelhar" as entrevistas com politiquice barata e quis espicaçar o Rui Rio.

Medina Carreira apontou à moderadora da treta a coscuvilhice partidária e, depois, a subversão do objectivo do programa que ela devia proteger na sua essência evitando a carambola partidária-aparelhista.

Enfim, a Judite do costume que, como de costume, teve de dizer (duas vezes): ó dr. Medina Carreira, não diga isso.

Ele descompos a primeira dama de Sintra duas vezes em cinco minutos.

Contra a cretinice e a desinformação baseada no alcoviteirismo mediático das tangas (inter)pardiárias.

Acorrentados a isto, os periodistas parolos do Portugalório serôdio mostram o que são, o que fazem e ao que vão.

Portugal continua dominado pelo aparelhês e notícias dos partidos como se fosse um país comunista ou alegadamente socialista.

Uma tristeza, um anacronismo.

Não saímos desta merda com bimbos deste calibre.

Floribundus disse...

não leio jornais. de manhã leio as gordas no sapo, outro animal nojento e peçonhento.
as judites deviam ser empaladas e ter o destino dos leitões da BNairrada

Vivendi disse...

Quem controla o fluxo de informação controla o fluxo de debates.

A “fé pública” é assente naquilo que se quer publicado e a informação que é excluída irá aparecer sempre como um outsider e assim com uma dificuldade maior de aceitação pelo público pois compete contra a informação repetida e repetida e propagada pelos media ao limite, onde essa mesma informação é colocada como uma verdade absoluta.

Conclusão, quem quer encontrar informação de verdade e de qualidade tem cada vez mais de procurá-la fora dos grandes meios de comunicação.

Sobre Medina Carreira ele ainda é um dos poucos bastiões de liberdade presente na media portuguesa.

vivendi-pt.blogspot.com

O Público activista e relapso