quarta-feira, janeiro 14, 2009

Da vírgula

O uso da vírgula em Português correcto, pode ser assim, deste modo que agora fica aqui escrito. Para pausar a escrita que se pode ler em voz alta. Sem vírgula, nesse caso. Ou com ela, se tal se entender.
Posso intercalar uma vírgula, entre o sujeito e o predicado, se tal pausa merecer a minha atenção.
A vírgula é apenas um sinal para uma pequena pausa, um intervalo mínimo para dar realce a uma frase e ligar os seus elementos. As gramáticas todas, o dizem.
Uma antiguinha, de Gomes Ferreira e Nunes de Figueiredo, que ensinou muita gente, diz assim:

A vírgula emprega-se para separar:

O vocativo. Ex. António, vem cá;
O aposto. Ex: João, aluno do liceu, obteve um prémio ( duas vírgulas, a separar um sujeito de um predicado),
Os elementos coordenados da oração,não ligados pelas conjunções e, nem, ou. Ex: os alunos, as alunas, todos os professores assistiram á festa da nossa Escola.
As orações ligadas assindèticamente ( sem ser por meio de conjunção). Ex: Os rapazes corriam, saltavam, jogavam.
A oração intercalada. Ex: A história, diz Cicero, é a mestra da vida.
A oração relativa explicativa. Ex: A Lua, que ilumina a terra, é um astro ( outra vez as vírgulas a interporem-se teimosamente, entre sujeito e predicado).
Para evitar a repetição desnecessária de um verbo. Ex. Os santos são do Norte; os poetas, do Centro; os navegadores, do Sul.

9 comentários:

hajapachorra disse...

Caro José, não se amofine, porque não tem razão, como qualquer professora da antiga instrução primária lhe podia explicar. Se reparar bem nos exemplos que aduz, nenhum deles permite que uma vírgula separe o sujeito do predicado. O vocativo deve ser sempre seguido de vírgula porque, justamente, não desempenha a função de sujeito (esta cabia ao nominativo latino ou acusativo nas infinitivas). O aposto ou continuado, o atributo, a oração adjectiva relativa (um autêntico atributo que pode ser substituído por um particípio), estes e outros incisos obrigam ao uso não de uma, mas de duas vírgulas, no princípio e no fim do inciso, mais uma vez porque não se deve separar o sujeito do predicado. Faça um favor a si mesmo, não insista porque o espectáculo não é bonito.

hajapachorra disse...

Bem, se é preciso citar, aqui vai.
C. Cunha - Lindley Cintra, Nova gramática do português, Lisboa, Sá da Costa, 1984, p. 645: «os termos essenciais e integrantes da oração ligam-se uns com os outros sem pausa; não podem, assim, ser separados por vírgula. Esta a razão por que não é admissível o uso de vírgula entre uma oração subordinada substantiva e a sua principal». Ora, não há nada mais essencial na oração do que o sujeito e o predicado, mas, repare, até o complemento directo não deve ser separado do predicado - a substantiva subordinada funciona como complemento de objecto directo. Sócrates prometeu criar 150 mil empregos. Sócrates, prometeste, rapaz, criar 150 mil empregos. No primeiro exemplo não pode usar a vírgula, embora o estafermo merecesse uma palete delas. No segundo deve virgular com força, porque está a chamar nomes feios ao tratante. É pena, mas esses nomes feios não são elementos essenciais na oração. Sócrates disse que criava 150 mil. Não pode, por muito que queira desvirgular o beócio, separar o disse da substância da coisa 'que criava 150 mil'. Sat prata biberunt.

hajapachorra disse...

Não pode, por muito que queira, desvirgular o beócio, separar o disse da substância da coisa 'que criava 150 mil'.
Vê, assim é que está correcto.

josé disse...

Amofino nada. Até acho graça, porque acho que não tem razão de fundo. Mas lá iremos que agora estou ocupado e vou colocar outro postalzito sobre um assunto mais interessante.

ferreira disse...

Há por aí outro blogger, que não nomeio por ser inominável, que também não sabe usar as vírgulas.
Também há por aí outro blogger, o Pacheco Pereira, que também coloca os sinais de pontuação no local errado, afastados por um espaço do local onde deveriam estar.
Os sinais de pontuação, parêntesis, pontos, vírgulas, etc. devem sempre "encostar" à palavra mais próxima da frase a que respeitam.
Por exemplo os parêntesis (abrir e fechar) como pus e não como o José por vezes põe ( assim) ou (assim ) ou ( mesmo assim ).
Além da incorrecção, há também o inconveniente de vermos (
coisas assim) ou (assim
).

josé disse...

Reconheço que as gralhas aparecem. E ainda reconheço que, por vezes, escrevo à pressa e tenho que emendar depois.

O que me custa reconhecer é os erros gramaticais, por causa da ignorância das vírgulas.

Mas vou catar melhor, para ver se não tenho razão...

josé disse...

Já agora: "é os erros"; ou "são os erros"?

josé disse...

São, pois são.

hajapachorra disse...

José, isto não vai de achar; ou se sabe ou se aprende. Nas escolas de antigamente aprendia-se. Desde que o ensino passou a ser básico, nem o básico se aprende. Mas não se apoquente, conheço dúzias de catedráticos, e paletes de juizes e procuradores, que dão verdadeiros tratos de polé a esta nossa língua morta. O caríssimo apenas desvirgula, vergonhosamente.

O Público activista e relapso