segunda-feira, janeiro 19, 2009

Uma frase longe de mais

Lisboa, 19 Jan (Lusa) - A Associação Sindical dos Juízes considerou "inadmissíveis" as considerações do Colégio de Psiquiatria da Infância e da Adolescência da Ordem dos Médicos sobre o "caso Esmeralda", alegando que lançam suspeições e "desrespeitam" os tribunais.
Num comunicado enviado hoje à agência Lusa, a ASJP considera que as considerações "são absolutamente inadmissíveis num Estado de Direito, em que as decisões legitimamente tomadas pelos tribunais são obrigatórias para todas as entidades públicas e privadas e prevalecem sobre as de quaisquer outras autoridades".

Exactamente. Sim, senhores. Tal e qual. Muito bem.

O comunicado devia ter ficado por aqui e estaria perfeito. A seguir, vem isto:

Os juízes decidiram também prestar todo o apoio à magistrada titular do processo, Mariana Roque Ferreira Leite Caetano, caso esta venha a exigir "responsabilidades devidas aos subscritores dos referidos documentos".
Não, senhores. Mal. Isto está mal. Não devia ser dito, por uma, entre várias, razões:
A senhora juiza em causa deve saber muito bem, se pretende ou não pedir responsabilidade, o que aliás me parece algo espúrio e inadequado. Os disparates, como o apontado, combatem-se do modo indicado: denunciando o seu carácter disparatado e dizendo porquê, vincando neste caso a gravidade do mesmo.
A mostra de solidariedade corporativa é desnecessária, contraproducente e perigosa. Também por uma razão, entre várias: os juízes são seres solitários nas suas decisões. E assim é que deve ser. Respeitemos a solidão dos juízes, núcleo essencial da sua independência e não demos prestextos para os que a atacam, brandirem mais uma vez a arma mortífera do corporativismo funcional.
Aliás, o ataque da corporação dos psicos, foi dirigido aos juízes e aos tribunais, mesmo que tal não pareça.
É por isso que a reacção dos juízes e que devia ser de todos os que percebem o disparate, se justifica nos termos genéricos da declaração supra.

Questuber! Mais um escândalo!