O professor Campos e Cunha, especialista em Economia, escreve hoje no Público:
" Na situação actual, mais investimento público implica que o Estado vai precisar de mais financiamento ( i.é. crédito) porque o défice orçamental aumenta. Mais financiamento directo do Estado vai reduzir, a breve prazo, o financiamento ( aquilo que sobra), para os bancos. Menos financiamento aos bancos será menos crédito às famílias e empresas; logo, teremos mais falências, mais desemprego e, também, problemas acrescidos para os bancos. O Governo volta a reagir com mais investimento ou subsídios públicos conduzindo a maiores défices orçamentais, mais endividamento,novamente mais problemas para financiamento dos bancos e para o crédito à economia...e assim por diante. (...) A política pública anunciada só poderia ter ( algum) sucesso se o Governo, simultaneamente cortasse nos grandes investimentos. (...) Atirar dinheiro aos problemas, na situação actual, não os afoga, fá-los crescer".
Esta opinião abalizada, de um técnico, professor que já foi ministro no lugar onde está agora outro, diverge da política deste Governo.
Se Campos e Cunha estivesse lá e fosse ouvido, não teríamos esta política, mas outra.
Teria esta melhores resultados do que aquela que se anuncia?
Quem sabe? É esse o problema número um dos Economistas: por muito que percebam dos mecanismos da finança e das trocas de bens e serviços, com investimentos à mistura e mecanismos de contra-balançar orçamentos, não sabem se estão certos naquilo que dizem. Nunca sabem ao certo e apenas palpitam conjecturas de acordo com a informação que dispõem e a formação que têm. Mesmo assim, falham nas previsões, como qualquer apostador de loto.
Ao contrário dos economistas que nunca se enganam e raramente têm dúvidas, não há qualquer certeza nesta disciplina. A Economia é uma matéria para adivinhos e...professores de Economia.
Ninguém consegue lidar adequada e magistralmente, com fenómenos como "a confiança", a "conjuntura" e outros ainda mais voláteis e variáveis.
No fundo, a Economia, não pode pretender lidar com a acção humana, como se esta fosse passível de tradução em equações, tipo leis da Física. E isso é bem sabido pelos professores.
Mas a verdade, porém, é que Portugal está há muitos anos atrás de todos os países que também têm os seus economistas que nunca se enganam e os seus teóricos que alvitram soluções miraculosas.
E isso é um facto que permite uma conclusão: os nossos economistas e políticos que os seguem não são tão bons como os desses países. Os resultados das suas opções políticas, mantém-nos sempre no túnel, onde o fim nunca se vê.
As árvores conhecem-se pelos seus frutos. As nossas, pelos vistos, precisam de enxertos vários e ninguém os sabe fazer.
Há umas semanas atrás, o Finantial Times escrevia que o nosso ministro das Finanças era o pior da UE. O próprio desvalorizou e não deu mostras de incómodo.
Pudera!
Entretanto, para ir percebendo melhor estes fenómenos, convém ir lendo o Portugal Contemporâneo de Pedro Arroja. Para se perceber como é que um neoliberal dos quatro costados entendeu já que é preciso mudar de cartilha e flexibilizar o pensamento dogmático.
É lá que se podem ler coisas como esta: "um empregadeco desta empresa (a Standard & Poor) deu-se até ao luxo de desmentir Teixeira do Santos, alegando que a diminuição do “rating” se deve ao fracasso das políticas do governo e não à crise financeira."
Os jornais, mesmo os de tendência económica, ainda não interiorizaram bem a classificação dos colegas do Finantial Times...
2 comentários:
É quase só uma questão matemática, que tem toda a lógica, mas ainda por cima estamos no pântano da dívida externa que passou de 7% para mais de 90% sem que isso enchesse as páginas de jornal e as luzes de aviso acendessem (culpa "cir-constâncial", provavelmente). Tem sido um país em derrocada a viver uma festa constante. Quanto a alguns economistas e afins que têm passado pelo poder, basta lembrar as "engenharias financeiras" em que 2-3=5. Bem diz o actual Nobel da economia: parece que alguns quando não sabem, inventam.
Neste Governo, para se atingir a perfeição, só falta mesmo o mestre coimbrão, o Vital.
Tem o salário garantido e a reforma assegurada.
Não importa que o País se afunde...
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