sábado, julho 09, 2011

Jornalismo jacobino

O jornalista José Pedro Castanheira, no Expresso de hoje, não se limita a assinar o artigo referido. Sobre um assunto interessante mas requentado ( os doentes que nos governam, citando um livro estrangeiro) nada melhor que repescar outro tema do Estado Novo, neste caso a doença e sucessão de Salazar para ilustrar o assunto. O caso de Cunhal nem sequer é abordado, pois claro. É coisa que desvirtua o revisionismo histórico que afincadamente os jornalistas tipo Castanheira regurgitam ao longo dos anos e tem-no registado para a posteridade que não sabe ler, nem tem quem lho ensine.
Castanheira relata factos pelo que o revisionismo aparece como o daquelas fotos do regime soviético em que as imagens apagavam da realidade todos os que deixavam de interessar ao regime, passando ao estado de não-existência virtual.
Sobre o acidente de Salazar, em 5 de Setembro de 1968, conta que durante um mês ninguém soube de nada ( "nem o país nem a classe dirigente", escreve). E nada de quê? Pois, do acidente e das "falhas de lucidez, raciocínio e linguagem", num Salazar que governava. Mas logo a seguir desmente-se ao escrever que alguns colaboradores se aperceberam. Certamente colaboradores não dirigentes...
Outro facto relatado pelo jornalista Castanheira: em 6 de Setembro de 1968 Salazar foi operado a um hematoma craniano e " recuperou de forma espectacular". Mas "quando estava na iminência de obter alta foi acometido por um devastador AVC, que o deixou em coma e paralisado do lado direito." Então, 10 dias depois, foi exonerado do cargo de presidente do Conselho e em dez dias substituido por Marcello Caetano.
Sobre esta substituição só uma referência às intrigas palacianas sobre os sucessores. E um facto mais, revisitado por Castanheira: Salazar continuou a viver na residência de S. Bento, "durante mais de ano e meio, numa autêntica ficção, protegido do mundo e rodeado pelas rotinas a que se habituara durante décadas de poder solitário e quase absoluto."
Pois bem, para revisitar esse tempo com notícias da época, mesmo altamente controladas pela Censura Prévia, aqui ficam algumas imagens de revistas que nos dão a explicação do que se passou, com os pormenores que todos sabiam na época e sem mistérios demasiados, como o que rodeou sempre a vida de um Álvaro Cunhal e outros próceres de regimes que Castanheira pelos vistos não conhece ou não quer lembrar. É que a história de quem esconde doenças e vida particular assenta muito melhor em Cunhal do que em Salazar...e sobre regimes democráticos ou não democráticos nem vale a pena falar nisso.

Por exemplo, estas duas páginas da revista Vida Mundial de 4.10.1968 explicavam a todos os que liam o que sucedeu com a substituição do então presidente do Conselho, Salazar. Em 8 de Setembro Salazar tinha sido operado por causa de uma queda de uma cadeira, na sua residência de Verão no Estoril e na qual tinha "batido com a cabeça no pavimento". Conta-se que até ao dia 16 de Setembro tudo tinha corrido bem, na recuperação e então aconteceu o avc, conforme o boletim clínico subscrito "pela legião de médicos " ( com escreve Castanheira) que era composta por três clínicos, a que se juntou um outro especialista americano, vindo de propósito e eventualmente outros especialistas locais. O estado clínico era muito grave e impôs a substituição cujo anúncio público aconteceu em 26 de Setembro desse ano. Tudo isso e o resto está aqui escrito na revista da época que os portugueses leram. Com censura. No período democrático, sem censura, os portugueses nunca souberam ao certo, em tempo real, o que aconteceu a Álvaro Cunhal em termos de saúde...

Porém, o mais interessante do revisionismo de Castanheira ainda é este: escreve que Salazar viveu numa ficção de que ainda era presidente do Conselho. Ora isso é que talvez seja um pouco difícil de sustentar. E muito menos a falta de transparência do regime nessa transição. Se o jornalista fosse um pouco menos jacobino e muito mais rigoroso e competente teria lido o discurso do presidente da República de então, Américo Tomás (que provavelmente toma como um abrolho, como é costume nessa idiossincrasia de esquerda) na parte em que este refere isto, com precisão terminológica: " uso da faculdade conferida pelo nº 1 do artº 81º da Constituição e exonero o Doutor António de Oliveira Salazar do cargo de Presidente do Conselho de Ministros, do qual manterá todas as honras a ele inerentes".

Por outro lado para se ver o que era o regime de então em modo de comunicação ao país destes assuntos delicadíssimos, basta ler o que escrevia o Século Ilustrado de 21.9.1968 a propósito da evolução da doença de Salazar e particularmente ler os 11 boletins clínicos reproduzidos, de 7 a 17 de Setembro de 68. E as capas das revistas referidas- o S.I. de 21.9.68 e a V.M. de 4.10.68.



Uma última coisa: quando é que estes jornalistas de meia-tijela, dobrados em historiadores de pacotilha, tomam um pouco de vergonha e passam a assinar os escritos como- " fulano de tal, jornalista antifassista encartado"?

Desse modo não enganavam ninguém e permitiam que se lesse o que escrevem, como dantes se liam os jornais no regime que desvirtuam historicamente- nas entrelinhas.

80 comentários:

Wegie disse...

José,

Sobre o assunto em epígrafe, bastante bom. Boa recolha de fontes.

Wegie disse...

Sobre os últimos dias do Botas li as coisas mais díspares: Que caiu da cadeira, que caiu na banheira, que apalpava o rabo às enfermeiras. Enfim o homem e o mito..

Floribundus disse...

o socialismo fascista desta revolução
enontra-se perfeitamente deslocado no tempo e no espaço
desconhece a natureza das coisas
anda perdido na sua utopia em 'lugar nenhum'

Josão disse...

ao menos que tivessem o cuidado de estudar os temas que pretender revisionar. O artigo é uma castanha podre.

Pável Rodrigues disse...

Que o estalinismo foi um regime iníquo que, em nome de uma utopia sem sentido, mandou fuzilar milhões de inocentes e colocou a humanidade à beira do abismo atómico e não só, a História já o confirmou.
Que o Dr. Cunhal foi um déspota que por sua conta mandou matar mais democratas , só poque llhe faziam sombra, do que o próprio fascismo, também já é comummente admitido pelo comum dos mortais.
Mas a constatação destes factos, ainda que continue a existir muito pacóvio que os procure negar, não é razão para tentar branquear o consulado do Dr. Oliveira Salazar. Quer se queira, quer não, para além de outras maldades lazarentas de menor monta, ele ficará na História como o homem que conduziu Portugal ao segundo Alcácer-Quibir. E isso não tem desculpa nem perdão.
Claro quer nem todos os que apoiaram as ideias estalinistas ,o PC do Dr. Cunhal ou o Salazar, podem ser condenados pelas malfeitorias que eles cometeram. Mas já não se poderá dizer o mesmo dos que insistem, mesmo que subliminarmente, em gabar-lhe as façanhas.

Streetwarrior disse...

Boas José ; )

José, tem conhecimento ( ou outros leitores ) do envolvimento de Alvaro Cunhal com a Maçonaria ou com a Opus Dei ou qual a sua posição acerca?

Fizeram-me essa pergunta á dias no meu Blog e procurei,procurei mas, tal como o José diz e muito bem, toda a informação que se consegue obter em relação a Alvaro Cunhal, toda ela, é sempre "grande homem, grande lutador, grande dirigente etc "
Não consigo obter nada em que ele sequer escreva, debata ou seja mencionado acerca do assunto.

Obrigado José.

zazie disse...

Que "segundo Alcácer Quibir"?

Wegie disse...

Sim que 2º Alcaçer Quibir? Pavel o teu nome deriva do romance de Gorki A Mãe? ou do Pavel do PCP?

Wegie disse...

Street Warrior

Ver a entrevista de António Reis Grão Mestre do GOL ao Correio da Manhã/ Renascença:

http://www.gremiolusitano.eu/?p=226


LC – Nunca fez as contas de quem tem mais membros? De qual o partido que está em maioria?

- Nunca, nem sequer nos damos ao trabalho de fazer uma contabilidade de quantos são do PS, do PSD, do CDS ou do Bloco de Esquerda, já que do PCP, aparentemente, não pode haver ninguém porque Álvaro Cunhal foi muito explícito nessa matéria e proibiu os militantes comunistas de serem membros da maçonaria.

ARF – Exactamente como Ratzinger.

- Exactamente. A mesma posição. No fundo são duas Igrejas, com o seu centralismo, com os seus papas, as suas comunhões, funcionam da mesma maneira.

100anos disse...

José, a sua aversão aos "antifassistas" tolda-lhe a lucidez, o que é pena.
A doença de Cunhal nada teve a ver com a queda do Botas e a subsequente encenação que só veio a terminar no dia em que o dito esticou o pernil.
Claro que um e outro tiveram determinados tratamentos jornalísticos mais ou menos enfeudados aos respectivos aparelhos políticos, mas isso é vulgar, nada tem de específico.
Digo-lhe uma coisa que parece nunca lhe ter ocorrido: a maré de anti-fascistas em crescendo sob a órbita do PCP teve a sua principal causa na estreiteza de vistas do... salazarismo, exactamente porque a ditadura não deixava medrar qualquer pensamento estruturado democratizante, pelo que a única forma de lhe fazer frente era aderir ao PCP ou pelo menos adoptá-lo como compagnon de route.
A certa altura a podridão salazarista chegou a um ponto tal que ser da oposição tornou-se quase uma questão de decência e muitos foram parar à órbita do PCP também por causa disso.
Mas se o meu caro amigo se compraz em simplesmente apelidar essa gente que corajosamente enfrentou a ditadura com o chocarreiro termo de "antifassistas", poucos verdadeiros anti-fascistas se darão ao trabalho de dialogar consigo - todos ficamos a perder e V. é um dos perdedores porque fica sem compreender muitas coisas em que esses anti-fascistas o poderiam esclarecer.
O problema é se V. deseja mesmo ser esclarecido ou apenas quer mandar uns petardos em gente que o encanita.

josé disse...

100anos:

A única coisa que me interessa ao escrever sobre estas coisas é a reposição da Verdade que não é aquela que é contada na narrativa comunista ou esquerdista.

Como o termo fascista é um abuso para definir o Estado Novo, chamo-lhe fassista, à semelhança do modo como alguns o pronunciam.

Como este blog não tem pretensões a coisa alguma, escrevo como entendo e às vezes com erros que me apresso a corrigir quando os detecto.

Mas há sempre uma idiossincrasia por trás do que escrevo e que tem a ver com isto: é preciso repôr a Verdade histórica que nos falsificaram durante dezenas de anos. Os maiores falsificadores são os comunistas.

É só isso.

zazie disse...

Mas quem é que escreveu que a doença do Cunhal teve a ver com a queda do Salazar?

Não sabem ler?

josé disse...

A narrativa histórica da Esquerda não é verdadeira. É apenas um ponto de vista que nem sequer corresponde muitas vezes à natureza real dos factos ocorridos porque até isso falsificam.

Descrever o regime de Salazar do modo como os comunistas o fazem é reviver a história num casulo de perseguições e clandestinidade.Ora a esmagadora maioria do povo português não viveu num casulo de clandestinidade e estava-se nas tintas para o Salazar nas suas perseguições aos comunistas. Até porque sabia o que o comunismo era. E a prova foram logo as primeiras eleições em 75. O PCP teve apenas uma fracção diminuta do eleitorado.
Mas o resto-media, intelligentsia académica e centros de poder e influência- estava com eles, com essa esquerda que nunca vingou em lado algum que se visse, foi exterminada em 89 e continua por cá a vicejar como se nada se tivesse passado no mundo.

Por exemplo, dizer que Salazar continuou a viver em encenação após a doença é esquecer o que se passou realmente.
É essa falsificação que me encanita. Não são os antifassistas - e uso este termo não em sentido chocarreiro apenas, mas porque em Portugal nunca houve verdadeiro fascism. Como estamos em total desacordo quanto a isso, como é que será possível dialogar com os comunistas neste campo?

É simplesmente como tentar convencer o papa de que Deus não existe.

josé disse...

O que os comunistas se recusam a ver com olhos de ver a realidade é que aquilo contra que lutavam seria o regime totalitário de Salazar. Mas em nome de quê e de quem?
Do comunismo que para eles era o sistema paradisíaco prometido e de Estaline no tempo dele que era o pai dos povos.

Porque é que os comunistas não se enxergam de vergonha? Acaso Salazar tinha alguma comparação com Estaline em termos práticos e de prática de poder?

josé disse...

Portanto, para terminar, 100anos:

Gosto de discutir para entender melhor, mas...acha que é possível discutir com alguém quando o problema do diálogo emperra logo nisso?

É muito simples: os comunistas em Portugal lutaram contra Salazar que apelidavam de fascista e o regime também, à semelhança do que faziam em todo o mundo onde os regimes políticos os perseguiam. Eram todos fascistas. Não eram nazis, curiosamente...
E no entanto, aquilo que defendiam como alternativa não era a democracia burguesa nem nada que se pareça: era simplesmente outra ditadura cuja Verdade Histórica demonstra sem margem para qualquer dúvida que era simplesmente monstruosa e que liquidou voluntariamente mais pessoas que o nazismo.

É difícil entender isto?

josé disse...

Que lógica macabra os impede de perceber isso e de proibir os partidos comunistas como o PCP?

Pável Rodrigues disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pável Rodrigues disse...

E que lógica o impede de perceber que o "fassismo" salazarento que atolou Portugal no segundo Alcácer-Quibir da nossa história, a vergonhosa e anti-patriótica guerra colonial, é o responsável pelo "gonçalvismo, soarismo, cavaquismo, e outros ismos que destruíram este País por muitas gerações?
E porque continua a perseguir fantasmas, se o inimigo de Portugal é, aqui e agora, o "sucial/sucialismo" que nos atirou para a bancarrota e condenou os nosso filhos e netos à indigência e infelicidade?
Toca a trabalhar para a salvação da
Pátria. Portugal precisa de todos os que defendem que "o homem deve comer o pão com o suor do seu rosto". Se isso é visto por alguns pacóvios como "fassismo" ou "CUmunismo" pouco importa. Importa é que é assim que deve ser.

100anos disse...

José, V. Não leu o que eu escrevi, passou-lhe os olhos em diagonal e disparou 3 ou 4 respostas que demonstram exactamente o que eu disse: a sua aversão a certas pessoas e ideias tolda-lhe a lucidez.
Neste momemnto não estou em Lisboa.
Mais tarde, depois de regressar ao meu poiso lisboeta, vou reler o que escreveu e talvez lhe responda.

Wegie disse...

Realmente a história é uma forma de literatura. Já o disse aqui e não partilho de todos os pontos de vista do José apesar de reconhecer mérito na maior parte deles. Mas o que me impressiona é esta tese do Pavel de encontrar um bode expiatório na guerra colonial ou do ultramar. Não dá a bota com a perdigota. Era inevitável. E se tivesse sido o que se lhe seguiu não teria ocorrido? Estas reconstruções explicativas não explicam nada e deixam muito por dizer.

josé disse...

100anos:

Se vai reler é porque também não leu com atenção, o que de resto não peço a ninguém. A não ser aos que me respondem a comentar.

E li bem o que escreveu. Só não comentei a parte em que atribui o comunismo do PCP ao salazarismo. Porque não concordo com tal asserção e não vou agora comentar tal parte. Mas comentei as demais.

Se ler o que escrevi peço-lhe que argumente com ideias e factos em vez de suposições sobre o que penso ou escrevo como intenção.

Essencialmente, o que escrevo procura apenas apenas reequilibrar o que vejo escrito noutros lado.
Não é por isso que me deixo turvar no raciocínio.

E por isso repito o meu argumento: se o comunismo era mil vezes pior que o nosso fassismo por que razão não se escreve isso e se tiram as devidas ilações?

Será porque não concordam com tal coisa? É que se não concordam há muito para discutir...

Wegie disse...

José,

Eu já aqui expus essa questão do PCP como o reverso de Salazar. Isso não invalida o facto dos regimes comunistas serem incomparavelmente piores e inclusive terem sido os maiores responsáveis ironicamente pela liquidação de comunistas.

josé disse...

Se são incomparavelmente piores que crédito merecem os comunistas portugueses quando falam de Salazar ou do fascismo?
Sabendo que combateram o regime para o substituir por esse gulag real, que crédito merecem e quem é que lho continua a dar?

Não é lógico?

zazie disse...

A guerra colonial anti-patriota que foi um segundo Alcácer Quibir.

ehehehe

Esta malta droga-se.
...............

Quanto ao PCP e aos "anti-facistas" a verdade é que não existia nenhuma União Soviética de anti-facistas.

E é por este simples factor que, a haver colagem, ela penderia sempre para o lado do eixo que mundialmente ditava as regras do ideal da igualdade.

josé disse...

E por que razão misteriosa continuam os comunistas portugueses a proclamarem-se orgulhosos dessa ideologia, com os seus jornais, revistas e influência directa na sociedade em geral?

E por que razão misteriosa quem for adepto de Salazar é comido vivo em qualquer forum onde se atreva a proclamá-lo?

Expliquem-me por favor esta lógica que me incomoda...

zazie disse...

E é falso que quem fosse do contra, sem ser compagnon de route do PCP fosse morto por Salazar ou perseguido e torturado pela polícia política.

Inventaram esta treta e é com ela que acabam a falsificar a História e a chamar fascista a um regime que nunca o foi.

zazie disse...

Ora bem!

E por que razão o nazismo e o regime fascista do Mussolini são uma vergonha histórica e o "ideal da igualdade- o comunismo" é um preconceito dos reaccionários?

zazie disse...

Alguma destas pessoas admitia colocar-se em pé de igualdade a suástica com a foice e martelo?

Não! na verdade o comunismo ainda se vende como uma forma de combate à "ditadura salazarenta".

zazie disse...

Ainda hoje falam nos "milhares de mortos" pela PIDE.

josé disse...

São os grandes falsificadores da História e impam com isso.

Wegie disse...

José e Zazie,

Parece-me que o "issue" do 100anos não foi esse. Mas antes o facto do Estado Novo pela sua natureza totalitária ter "secado" qualquer hipótese de oposição outra que não fosse a de natureza subversiva e clandestina como a exercida pelo PCP.

Wegie disse...

Não é pois de admirar que a história da oposição durante esse período seja dominada pela perspectiva PCP. Que aconteceu ao PRP, PSP, Nacionais-Sindicalistas, Anarco-Sindicalistas,etc.? Esfumaram-se.

josé disse...

Não me parece que seja assim. O PCP existiu em Portugal como existiu noutros países, embora um pouco mais abertos politicamente.
Em França, na Itália, na Inglaterra os PC´s existiram na mesma sem que surgissem por causa de um qualquer fassismo que por lá existisse embora os pc´s de lá assim entendessem os respectivos regimes também.

Logo...

josé disse...

O PCP surgiu por força de uma verdade imaginada: a da igualdade de todos que implicaria que a cada um segundo as suas necessidades e de cada um segundo as suas capacidades.
Até atingir esse nirvana social haveria um partido de trabalhadores contra a exploração do homem pelo homem. E com uma direcção "democraticamente" escolhida para sempre.

josé disse...

Não foi o salazarismo que motivou o aparecimento do PCP nem sequer o seu leit-motiv. Quando muito foi a sua nemesis.

Wegie disse...

Nemesis. Exacto era aí que pretendia chegar. E os outros que se esfumaram? Não tinham nemesis?

josé disse...

E tentar explicar que "assim se vê a força do PC" é um logro, a meu ver.

O que fez a força do PC foi a tibieza que se seguiu ao 25 de Abril. Em Espanha o PC espanhol soçobrou e também houve por lá fassismo e até guerra civil que deu força ao PC como a nenhum outro da Europa.
E porque é que soçobrou? Porque se tornou social-democrata e renegou os princípios estalinistas. Por cá não renegou e a força do PC assim se viu. Os mitos e lêndias pegaram melhor assim e se muita gente antes do 25 de Abril era de esquerda a tal se deve.
Mas a expressão eleitoral do PC em Abril de 75 não autoriza a interpretação histórica que fazem e de que a força do PC adveio do salazarismo.

Não concordo.

josé disse...

Se tal interpretação vingar, devo concluir que a Esquerda é composta por uma camada de doidos.

josé disse...

A verdadeira nemesis dos pc´s não é o fassismo. Isso querem eles que seja e assim perduram o mito.

A verdadeira nemesis é a social-democracia.

josé disse...

E por isso mesmo é que apelidam tal corrente como sendo a direita. Porque não a podem apodar de fassismo porque se não nem tenham dúvidas que o fariam.

Acho que Cunhal percebeu isto melhor que ninguém.

É exactamente como a Igreja Católica: quanto mais se abre secularmente mais se afunda nos seus crentes profundos.

Pável Rodrigues disse...

Não vale mesmo a pena. Infelizmente em Portugal estamos ainda, graças aos "salazarentos cumunistas", na pré-história. A discussão sobre quem foi melhor ou menos mau, se o fascismo negro (Hitler, Mussolini, Franco, Salazar etc,etc, ou o fascismo vermelho ( Lenine, Estaline, Mao, Enver Hodja, Pol Pot, etc,etc, tal como a falsa dicotomia esquerda/ direita, já há muito foram banidos do léxico político, deixando de ser motivo de polémica nos países civilizados. Entre eles, venha o diabo e escolha. Mas, pelos vistos, em Portugal ainda há quem queira escolher! Até o nome! Será soviético? Se for, Caxias com ele! Tenham juízo e vão trabalhar. Portugal precisa.

Wegie disse...

Eu também não concordo com a versão cowboys e indios. Havia muita diversidade no farwest. Mas continua a ser mais atraente para pobres de espírito. E aos indios convinha que existissem só cowboys e vice-versa.

josé disse...

Pode não valer a pena para quem quiser esquecer, mas é esta discussão que permanece em aberto na sociedade portuguesa.

Na Europa já não é tanto assim e no Leste nem se fala.

Portanto, o PCP e a Esquerda portuguesas agradecem o esquecimento.

josé disse...

E no entanto são eles mesmos quem não quer se apague a memória.

Contudo é a memória que eles preservam. Não a real. Preferem sempre a inventada.

josé disse...

"a falsa dicotomia esquerda/ direita, já há muito foram banidos do léxico político"

Por sinal não foi nada banida. O que foi banida foi a discussão sobre a validade desses conceitos do modo como são tomados pelos seus cultores.

Quando o PCP chama "direita" ao PS e este atira para canto, indicando o PSD e o CDS que significa isto?

Que continua a haver uma grande confusão de conceitos que aproveita muito a certa esquerda. E por isso mantém a chama da distinção acesa. Artificial mas a luzir.

zazie disse...

Foi isso que eu disse.

Os partidos comunistas foram fruto da Revolução Russa. E a URSS era uma potência que controlava mundialmente e tentava impor o comunismo à escala mundial.

Por esse motivo, o segundo Alcácer Quibir nada teve a ver com a nossa guerra de resistência no ultramar mas com as guerras que se seguiram depois da descolonização.

Precisamente por serem fruto do lobbie mundial da comunismo russo ou cubano.

zazie disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
zazie disse...

o maluco do Pável dos Pés Grandes a mandar trabalhar ao domingo

ahahahahahahahaha

Wegie disse...

José,

Diz-me quantas biografias de Salazar existem? Quantas destas biografias são de origem esquerdina ou jacobina?

Wegie disse...

Este José às vezes faz-me lembrar aquele general do filme Dr. Strangelove, obcecado com os fuckin communists...

zazie disse...

Os fluidos, os fluidos, a bomba!

ahahahahahaha

Wegie disse...

Filme delicioso!!!

josé disse...

As minhas obsessões são geradas pela vontade de as debelar...ahahahah!

Pável Rodrigues disse...

A propósito desta problemática, não resisto a partilhar convosco um bate-papo que tive com um amigo. Um dia, questionei um colega francês que trabalhava comigo na Alemanha, por ele defender o voto em De Gaulle. Logo ele ( panaceia direita/esquerda a quanto obrigas!), que tinha sido membro da resistência desde a primeira hora, feito prisioneiro pelos alemães e deportado para o campo de concentração de Sachenhausen ( julgo que é isto) , donde conseguiu fugir.
Respondeu-me assim:
- "Vous savez monsieur, quand ils sont au pouvoir , les communistes remplissent les prisons; les socialistes vident les coffres; et les fascistes, comme votre ami Salazar, commencent pour enculer son peuple, et après, ils aiment aller se faire chier chez les grecs."
Zazie, é muito feio denunciar. Será algum tique pidesco que por aí ficou? Olhe que o Prof. P. Arroja sabe do que fala.

zazie disse...

Denunciar o quê?

Que tens pés grandes? Tu é que os mostras no perfil, olha-me este!

Wegie disse...

Pavel,

Mas diz lá: O nome é inspirado no personagem de A Mãe do Gorki? Ou no Francisco Paula Oliveira?

Pável Rodrigues disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pável Rodrigues disse...

Saiba o senhor inspector Wegie que eu não falo com a Pide. Mesmo que me torturem, da outra vez foram oito dias de tortura do sono, eu não falei e eu não falarei. Serei fiel ao meu partido até à morte.

Pável Rodrigues disse...

Saiba o senhor inspector Wegie que eu não falo com a Pide. Mesmo que me torturem, da outra vez foram oito dias de tortura do sono, eu não falei e eu não falarei. Serei fiel ao meu partido até à morte.

Wegie disse...

Está bem. Levaste umas bofetadas paternais para ganhar juízo e afinal serviram de pouco...

A fidelidade canina é um, sei lá, atributo dos cães. Mas: Dog people are 50% more likely to be conservative
Cat people skew liberal

José Domingos disse...

O Cunhla, limitou-se a fazer o que o pcus, lhe mandou, motivado, por um grande ódio ao povo português.

Wegie disse...

Acho que é a 1ª vez que me chamam de inspector da PIDE. Estes vãos de escada são muito mal frequentados graças a Deus.

josé disse...

O Pavel com a PIDE não falava, mas com a STASI até lhe faria o relatório diário...

Não, Pável?

Wegie disse...

Pela amostra o Pavel é capaz de considerar a STASI demasiado social-democrata só mesmo com a NKVD do tempo do Ejov. Porque depois são uns traidores...

zazie disse...

oh... na volta ainda foi teu controleiro, ó Wegie

":OP

Wegie disse...

Fosga-se!! O meu controleiro foi o Pena dos Reis que é chefe do José.

josé disse...

Essa dos controleiros é que se torna engraçado. Admitiam com a maior naturalidade que lhes espiassem a vida toda, até a mais íntima. Mas indignam-se todos com a PIDE...

ils sonto fous, ces communistes!

josé disse...

O Pena meu chefe? Tem pena dele...

Wegie disse...

Atão ele não é Vice PG qualquer coisa?

Wegie disse...

E a designação controleiro tinha a ver com controle de tarefas e não a minha vida pessoal era só o que faltava. Também não andei lá tempo suficiente para apreciar a totalidade da coisa. E, não fui apparatchick, ptt as piores coisas escaparam-me.

Wegie disse...

O Pena é do CSMP e PGR Adjunto.

josé disse...

O Pena tem um blog de comédia

josé disse...

E ainda outro

Wegie disse...

Não conhecia. O de comédia é interessante. A procuradora de Gondomar que aparece no outro, Meu Deus!, se me interrogasse eu confessava-lhe todos os crimes que ela quisesse. É um espanto!

josé disse...

Indeed!

100anos disse...

A extraordinária sucessão de baixezas e infâmias que constam nos comentários supra impede qualquer diálogo.
O erro, no fundo, é meu, pensei que estava a lidar com gente séria, a sério.
Passem bem.

Wegie disse...

Ora 100anos! Que falta de estaleca!

josé disse...

100anos:

Então onde é que estão as infâmias?

Sobre o Pena? Mas nem disse mal do Pena. Só disse que tem um blog de comédia porque é assim que se chama.
Sobre a procuradora que o Wegie mencionou? Mas é verdade que é muito bonita e as bocas julgo serem inofensivas. Os cães que ladram não costumam morder...

josé disse...

Se a 100anos fosse a dita, ficaria ofendida? Não me diga que sim...porque nem sequer se entrou na ordinarice.

Maria disse...

Sobre o regime anterior e o respectivo Estadista, escrevi anteontem um comentário que, como acontece sempre que se menciona o governante e certas qualidades dele e do seu regime e se fazem comparações com os políticos presentes e com o arremedo de democracia em que infelizmente vivemos, é mais do que certo que o comentário não chega ao destino... As agências de espionagem não dormem em serviço. E ainda dizem os que odeiam o anterior regime que neste havia uma censura férrea! Pois haver, havia, mas nessa altura sabíamos claramente com o que contar. Nessa altura não havia hipocrisia nem cinismo nem corrupção nem mentiras, o oposto do que se passa neste país desde há quase quarenta anos.

Quero com isto dizer que para se falar ou escrever mais ou menos abertamente do anterior regime temos que nos socorrer de iniciais, eufemismos, metáforas, etc. e é exactamente o que farei um dia destes sobre este mesmo tema.
A 'esplendorosa democracia' em que vivemos é sem sombra de dúvida um regime de truz. É sim senhor! E os bancarroteiros ainda têm a supina lata de dizer mal do 'antigamente'.
Maria