O juiz Carlos Alexandre, do Tribunal Central de Instrução Criminal, raramente dá entrevistas, apesar dos muitos pedidos por órgãos de informação que lhe são feitos. Mas acabou por falar para a câmara de António Colaço, um amigo e conterrâneo.
Às três da madrugada, o juiz dos grandes processos percorre as ruas de Mação, uma pequena vila, mesmo no coração de Portugal, no terço da farinheira.
«Estas são as únicas capelas que eu frequento», diz o juiz para a câmara. «Não é para dizer que são as capelas de Mação ou não. São as capelas que eu frequento. Eu não pertenço a qualquer outro tipo de congregação ou obediência», aponta.
O juiz considera, pois, uma mais valia participar numa tradição religiosa em Mação, mas não pertencer à maçonaria. E aproveita a conversa para contar a história do que ouviu durante umas buscas da «Operação Furacão» ao advogado de um empresário do norte, accionista da banca portuguesa.
«Foi-nos dito por uma pessoa com importância na praça que sabia o que estava ali a fazer, porque estava ali a mando de alguém que lhe pagava e que essa pessoa contava com ele para fiscalizar aquele acto. Porque, quando o dinheiro falava a verdade calava. E que se esperava que nós soubéssemos o que estávamos ali a fazer», disse. «Nós não nos deixámos até hoje, pelo menos eu, contaminar por essa vertigem do dinheiro».
Carlos Alexandre, que raramente dá entrevistas, afirmou ainda que Portugal só vai conseguir resolver os seus problemas se mudar muito por dentro.
Às três da madrugada, o juiz dos grandes processos percorre as ruas de Mação, uma pequena vila, mesmo no coração de Portugal, no terço da farinheira.
«Estas são as únicas capelas que eu frequento», diz o juiz para a câmara. «Não é para dizer que são as capelas de Mação ou não. São as capelas que eu frequento. Eu não pertenço a qualquer outro tipo de congregação ou obediência», aponta.
O juiz considera, pois, uma mais valia participar numa tradição religiosa em Mação, mas não pertencer à maçonaria. E aproveita a conversa para contar a história do que ouviu durante umas buscas da «Operação Furacão» ao advogado de um empresário do norte, accionista da banca portuguesa.
«Foi-nos dito por uma pessoa com importância na praça que sabia o que estava ali a fazer, porque estava ali a mando de alguém que lhe pagava e que essa pessoa contava com ele para fiscalizar aquele acto. Porque, quando o dinheiro falava a verdade calava. E que se esperava que nós soubéssemos o que estávamos ali a fazer», disse. «Nós não nos deixámos até hoje, pelo menos eu, contaminar por essa vertigem do dinheiro».
Carlos Alexandre, que raramente dá entrevistas, afirmou ainda que Portugal só vai conseguir resolver os seus problemas se mudar muito por dentro.
Já tenho dito e repito aqui: é uma sorte para o nosso país, neste momento, haver um juiz de instrução criminal como Carlos Alexandre. Ao contrário de uma sua antecessora ( Fátima Mata-Mouros) não entende o seu papel como sendo o de "dizer não às polícias e ao MºPº".
Carlos Alexandre entende bem o MºPº e as polícias e tanto quanto me apercebo e vi até agora, diz não às aldrabices e confusões processuais de quem procura sempre ganhar na secretaria das regras processuais, o que não pode ganhar no jogo limpo dos factos.
Factos são factos e crimes são crimes, seja quem for que neles incorra. O papel de um juiz de instrução é solitário. Muito solitário porque não decide acompanhado, como na Relação ou num colectivo. Decide conforme os elementos de prova de que dispõe e tem de justificar e fundamentar as decisões.
Nesse papel fundamental de aplicar o Direito e a Justiça no caso concreto, assume especial relevância a percepção da realidade, dos factos e das circunstâncias, destrinçando a verdade da mentira e a aldrabice da transparência real.
A qualidade de um juiz vê-se nesse desempenho. Transparece das decisões e transpira para a opinião pública que percebe muitas vezes instintivamente a verdade.
É esse a melhor gratificação de um magistrado: a consciência clara e limpa de um dever cumprido. Nada há de mais gratificante nessa profissão.