Ontem à noite, quando vi na tv a notícia que tinha morrido Jean Giraud, reparei no nome( Jean, Henri Gaston) e no heterónomo Moebius e fiquei triste como se fica quando se perde alguém que ainda nos poderia surpreender artisticamente.
Não se falou em Gir, mas foi assim que o conheci, como artista de banda desenhada nas paginas do Tintin de início de 1972, primeiro apenas nas cartas aos leitores em que se mencionava um misterioso tenente Blueberry, cujas aventuras tinham começado antes na revista e eram para continuar, segundo os editores, entre os quais Vasco Granja.
Só no Verão descobri o primeiro desenho, a preto e branco e tirado de uma das aventuras ( Ballade pour un cercueil) mas a pulga da curiosidade pela obra do artista que então assinava Gir nunca mais me abandonou.
Em 1974, no verão, a música e a banda desenhada andavam a par com as notícias políticas diárias sobre o desenvolvimento da revolução que "comia os seus filhos", como diziam os comunistas.
No ano anterior Giraud publicara Chiuhahua Pearl e o álbum saira depois, vendendo-se na Bertrand. Custou 75$00 mas era uma obra de arte que ainda guardo ( e mostro acima à esquerda).
Por causa do fascínio das imagens e desenhos de Gir, comprei dois anos depois a monografia Mister Moebius e Docteur Gir, de Numa Sadoul, então publicada na Albin Michel francesa. Uma maravilha que repetiu em 1991 com um complemento dessa monografia.
Nessa altura , em 1974, já Gir se tinha transformado em Moebius, por mor de uma historieta curta desenhada na revista Pilote, francesa e que me apanhou para sempre na admiração do artista. Em 1975 iniciou uma pequena revolução na arte da banda desenhada, com a revista Métal Hurlant, em companhia de dois ou três desenhadores e um inclassificável artista cultural ( Jean Pierre Dionnet). O primeiro número da revista está acima à direita.
Foi nessa revista que descobri as aventuras do major Fatal e depois as de John Difool e a série de ficção científica desenhada centradas na personagem Incal, na Garagem Hermética e com a colaboração escrita de Jodorowski, outro inclassificável da marginalidade artística.
Durante o tempo que durou a revista Métal, até quase ao final dos anos oitenta ( 1987) Moebius e Gir complementaram-se no desenho e publicaram vários álbuns, qual deles o melhor.
Em 2000, Gir/Moebius expôs em Paris, num centro de exposições da Fundação Cartier, uma série de desenhos originais maravilhosos e que me fascinaram pela espantosa qualidade artística. Em 2010 a exposição repetiu-se.
Jean Giraud morreu e nunca mais vou poder ler e ver os seus novos desenhos. É uma grande perda.
1 comentário:
lembro-me quando comprava o Tin-Tin para o meu filho.
como Moebius só conhecia a fita em em 8 que não tem principio nem fim.
gostava de encontrar desenhos para publicar no meu viático de vagamundo
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