
A passagem transcrita respeita a uma ética. Salazar tinha um relacionamento amoroso com uma francesa, casada. Em 1951 a senhora veio a Portugal fazer uma série de entrevistas com Salazar, depois publicadas em livro. As despesas com hotéis, transportes, viagens, presentes, eram custeadas por Salazar que pagava do seu bolso. Como? Ricardo Espírito Santo, um banqueiro, familiar do homónimo que manda no BES e em parte do Portugal político, pagava, liquidando essas despesas e depois Salazar reembolsava-o. Isso porque eram amigos.
Não obstante essa amizade, os negócios do Estado não entravam directamente nas contas entre ambos, em modo de favor particular. Contudo, esse Espírito Santo tinha negócios com o Estado e dependia do Estado para fazer negócios.
Seria interessante fazer um paralelo ético entre o modo como se faziam então esses negócios, os políticos que actuavam então e decidiam sobre os mesmos e os de agora.
Seria interessante por dois motivos: para se ver a diferença ética numa altura em que a lei não era o padrão ético ( os que agora isto defendem, abominam as leis de Salazar...)e principalmente para se verificar o que aprendeu o actual Ricardo Espírito Santo, na educação que recebeu. E para se entender a evolução dos costumes e do tempo...
Seria ainda interessante para perceber se alguma vez nessa altura se fariam negociatas como as que decorreram com as PPP´s em que o actual Ricardo Espírito Santo é um personagem central, a par de alguns outros.
Escusado será dizer que nessa altura, estas situações eram muito bem definidas e nem havia lei para o dizer. Não era precisa...
