VPV hoje no Público escreve sobre o "fantasma" de Paris. No final redunda o escrito com estas frases:
"A questão é a de explicar como ele conseguiu submeter à sua vontade um PS aprovador e dócil e, quase sem protesto, levar atrás de si ( ou persuadir ao silêncio) uma considerável quantidade de pessoas com idade para ter juízo."
A questão não tem nada de especial na resposta simples e de senso comum. O modo como alguém com poder, vontade de o exercer e capacidade de o fazer sem escrúpulos detectados democraticamente, conserva esse poder, assenta essencialmente em factores que Maquiavel enunciou: conceder e favorecer vantagens aos apaniguados e manter o temor reverencial sem suscitar ódios exagerados.
José Sócrates explorou como poucos essas facetas do cinismo político. Os tais que tinham idade para ter juízo foram adulados e concedeu-lhes privilégios com que nunca sonharam. O dinheiro não era dele, era de todos nós e por isso mesmo gastou-se à tripa forra em pareceres, ajudas várias, benesses, regalias, nomeações, sinecuras.
Ao mesmo tempo, os beneficiários já sabiam: a mama durava enquanto a sabujice perdurasse.
Foi assim com Freitas do Amaral, por exemplo, mas os exemplos são às dúzias.
É incrível ler entrevistas dessa gente na altura em que beneficiavam das prebendas do poder.