
" Foi política até 1978. Como boa marxista-leninista, copiou "coisas do totalitarismo comunista, misturado com uma agência pelo surrealismo, uma cinefilia grande, o Maio de 68 e os valores meio anarcas e libertários" que marcaram uma geração. Aos 30 anos percebeu que não tinha casado, não tinha filhos, não tinha um curso. Licenciou-se em História em 1984. Não é casada, não tem filhos. Vive com duas gatas."
A historiadora da Pide ( é sempre a Pide, nunca é DGS), do salazarismo, tem este percurso de vida e uma idiossincrasia típica da Esquerda que temos e se alarga à extrema-esquerda, aos arrependidos dessa mesma Esquerda e aos jornais que albergam os seus antigos próceres. Que são quase todos os que temos em Portugal.
A entrevista fala por si e da dificuldade desta senhora se exprimir de outro modo que não o que aprendeu enquanto jovem. Há uma barreira notória no entendimento que a mesma terá dos fenómenos políticos e sociais que ocorreram há quarenta ou trinta anos. Ler os livros de uma pessoa assim, de História ainda por cima, é o mesmo que ler uma falsificação ideológica do tempo. Com factos reais pode construir uma história inverídica.
Tomemos agora uma figura dos antípodas. Pedro Feytor Pinto foi educado de modo completamente diverso e serviu o salazarismo e o caetanismo do modo que conta no seu livro Na Sombra do Poder. Esta imagem que fica abaixo foi publicada no Expresso de 23.5.2011 e mostra a sala em que Marcello Caetano entregou o poder formalmente, ao general António de Spínola, acto protagonizado por Feytor Pinto que lhe trouxe a mensagem de Spínola e levou outra também.
A seguir, a imagem da contracapa do livro em que Feytor Pinto explica o que escreveu.
Ambos solteiros, sem filhos ( desconhece-se se Feytor Pinto tem gatos...) com diferença de idade que não é significativa e portanto bem diversos no que dizem sobre a nossa História recente.
Se há símbolo da esquerda e direita que temos, estas duas pessoas podem servir para tal. Na linguagem, na visão do mundo e das coisas e principalmente no modo como analisam o passado que tivemos, divergem e como diz Feytor Pinto, citando Pirandello : " a cada um a sua verdade".
Escusado será dizer que me revejo muito mais na visão de Feytor Pinto. Não por ser de direita, mas porque me parece muito mais fiel à realidade que tivemos.

