Hoje comprei o DN em vez do Público e li esta crónica de Ferreira Fernandes, na última página :
Vou escrever sobre jornalismo, assunto que me interessa e, presumo, também ao leitor, já que está neste momento a ler-me num jornal. Vou transcrever um parágrafo que não é meu: "Um hóspede do hotel, Mortem Meier, de 36 anos, um director de vendas norueguês, disse que o condutor do carro negro que transportou o Sr. Strauss-Kahn ao Aeroporto Kennedy foi também o seu taxista nesse sábado, à noite. 'Ele disse que Strauss-Kahn estava cheio de pressa', contou o Sr. Meier. 'Quis partir o mais depressa possível. Estava transtornado e preocupado, disse o taxista'." Fim de citação. Isto foi publicado no The New York Times (NYT). O NYT é o melhor jornal do mundo, para mim uma lição constante sobre como contar, um prazer quando me calha a sorte de o ter ao pequeno-almoço, um sentimento duplo de impotência por não o ter como local de trabalho e como jornal do meu país. E, no entanto, o NYT escreveu aquilo. Trata como testemunha um indivíduo (o norueguês) que tem para contar o que outro indivíduo (um taxista) lhe contou de passagem. Se nos jornais cabem estas "informações" em segunda mão, o NYT que fale comigo que eu tenho várias interpretações, entre bandeiradas, sobre grandes mistérios americanos: da morte de John Kennedy à verdadeira nacionalidade de Obama. Já agora, um facto: nenhum taxista levou Strauss-Kahn do hotel ao aeroporto. Ele saiu do hotel para ir almoçar com a filha a um restaurante.
Portanto, vou escrever sobre cronistas, assunto que me interessa e presumo interessará quem me lê. VOu transcrever um parágrado que não é meu:
"o NYT escreveu aquilo. Trata como testemunha um indivíduo (o norueguês) que tem para contar o que outro indivíduo (um taxista) lhe contou de passagem. Se nos jornais cabem estas "informações" em segunda mão, o NYT que fale comigo" (...) "Já agora, um facto: nenhum taxista levou Strauss-Kahn do hotel ao aeroporto. Ele saiu do hotel para ir almoçar com a filha a um restaurante. "
Vou escrever sobre jornalismo, assunto que me interessa e, presumo, também ao leitor, já que está neste momento a ler-me num jornal. Vou transcrever um parágrafo que não é meu: "Um hóspede do hotel, Mortem Meier, de 36 anos, um director de vendas norueguês, disse que o condutor do carro negro que transportou o Sr. Strauss-Kahn ao Aeroporto Kennedy foi também o seu taxista nesse sábado, à noite. 'Ele disse que Strauss-Kahn estava cheio de pressa', contou o Sr. Meier. 'Quis partir o mais depressa possível. Estava transtornado e preocupado, disse o taxista'." Fim de citação. Isto foi publicado no The New York Times (NYT). O NYT é o melhor jornal do mundo, para mim uma lição constante sobre como contar, um prazer quando me calha a sorte de o ter ao pequeno-almoço, um sentimento duplo de impotência por não o ter como local de trabalho e como jornal do meu país. E, no entanto, o NYT escreveu aquilo. Trata como testemunha um indivíduo (o norueguês) que tem para contar o que outro indivíduo (um taxista) lhe contou de passagem. Se nos jornais cabem estas "informações" em segunda mão, o NYT que fale comigo que eu tenho várias interpretações, entre bandeiradas, sobre grandes mistérios americanos: da morte de John Kennedy à verdadeira nacionalidade de Obama. Já agora, um facto: nenhum taxista levou Strauss-Kahn do hotel ao aeroporto. Ele saiu do hotel para ir almoçar com a filha a um restaurante.
Portanto, vou escrever sobre cronistas, assunto que me interessa e presumo interessará quem me lê. VOu transcrever um parágrado que não é meu:
"o NYT escreveu aquilo. Trata como testemunha um indivíduo (o norueguês) que tem para contar o que outro indivíduo (um taxista) lhe contou de passagem. Se nos jornais cabem estas "informações" em segunda mão, o NYT que fale comigo" (...) "Já agora, um facto: nenhum taxista levou Strauss-Kahn do hotel ao aeroporto. Ele saiu do hotel para ir almoçar com a filha a um restaurante. "
O NYT escreveu a notícia a que se refere o cronista FF, citando fontes que contaram ao jornal o que outros porventura lhe contaram. O jornal escreveu toda a notícia assim e não apenas o episódio do taxista.
Então porque é que FF dá especial relevo ao facto contado em segunda ou terceira mão, quanto é certo e sabido que é assim que funciona o jornalismo?
A versão de um taxista é menos credível que a de um polícia do NYPD?
Já agora outro facto: como sabe FF que DSK foi almoçar com a filha depois de sair do hotel? Foi algum taxista que lhe contou em primeira mão?
Portanto, se FF escreve crónicas assim, "fale comigo" antes que eu tenho várias histórias sobre versões enviesadas de factos em crónicas escritas, por preconceitos ideológico-político-sociais...
PS. E já me esquecia de dizer outra coisa: o jornal i é mais bem feito que o Diário de Notícias. In totum.
15 comentários:
ahaahahaha
Post com grande estilo.
'no país da cocanha
a oeste de Espanha'
estes jornalista merecem ser empalados no 'pau do sebo'
Ontem, ao almoço, um "camarada de mesa" que é socialista e continua a votar no PS, defendia com unhas e dentes o DSK.
Dizia, entre outras coisas, que a vítima era uma emigrante cheia de dívidas.
Não sei se é ou não, nem se tem dívidas ou se não tem, nem aonde foi ele buscar essa informação.
Mas o que se passa com esta gente?
Como é que a filiação partidária tolda a inteligência e a liberdade das pessoas?
Que fanatismo é este?
É o mesmo fenómeno que aconteceu no Casa Pia, no Freeport, e agora no Face Oculta: são tudo cabalas.
Esta gente não bate bem da bola.
José, este post é a verdadeira "metacrítica" :)
Mas muito bom! Juro que, ao ler o escrito do senhor jornalista, estava a pensar exactamente na argumentação que o José acabou por usar mais abaixo. Ele realmente há gente básica! É que é tão básico, mas tão básico, que consegue no mesmo parágrafo acusar outrem dum "pecado" que está exactamente a cometer nessas mesmas linhas. Bá-si-co.
Parabens ao José e ao NYT que fazem parte das minhas leituras diárias. A kms de distância de alguns vómitos que tenho lido sobre o assunto do género:
"O gerente do Sofitel de Times Square é português e amigo de Fátima Campos Ferreira. A empregada do hotel que acusa DSK é uma negra da Guiné." Do rabeta do Pitta. Entretanto já acrescentou à negra, muçulmana, para tornar a coisa mais diabólica.
No mesmo blog uma diatribe do imbecil do Bernard Henry Levy no qual afirma que a prisão do DSK é a derrota dos que se opõem (sic) aos interesses superiores da finança.
José,
Afinal, o jacobinismo não é um produto do PREC português. É muito mais vasto.
Enfim, parafraseando o supradito imbecil:
Deus morreu, Marx também, e eu não me sinto lá muito bem.
Portanto, resumindo, rabetas e pencudos unidos.
":O)))))))
José, o destrambelhamento de FF deve-se a Luís Filipe Vieira, porque FF não era nada assim antes de 2005 quando teve de escrever mal sobre o título do benfas e, por pressão do presidente do benfas, o director do Rascord afastou FF dos cronistas.
Isto não é cabala, são factos. Verídicos. A consequência é que FF perturbou-se e perdeu a credibilidade, também se negando a si próprio essa virtude.
O FF devia era falar do que tem ouvido, entre bandeiradas, sobre o PS e as suas gratas figuras de proa, ou deverei dizer de casco?
o meu paizinho diz que sou muito parecido com o FF... cínico e gozão. Mas eu nego evidentemente! Além de que não fugi à tropa, nem fui expulso a seguir. Hehe. -- JRF
Excelente escrito.
Não faço ideia nem me interessa grandemente saber se Strauss-Kahn é culpado ou não dos crimes de que é acusado. Uma coisa é certa, ocupando ele um cargo de enorme importância mundial, se for verdade o que tem vindo a ser relatado na comunicação social falada e escrita, então é concerteza um mega escândalo sobretudo para a França, onde, acreditando no que se diz por lá, seria ele quase de certeza o próximo presidente da república.
Que o que lhe sucedeu poderia ter acontecido a qualquer um, podia. Mas a um triúnviro com o seu estatuto é simplesmente imperdoável. Para Portugal só interessaria este caso lamentável na medida em que pudesse afectar de algum modo as decisões do triunvirato que negociou o empréstimo, ao qual ele teria que dar o seu agrément final esta semana. Se não é o caso, como os responsáveis dizem não ser, então que as investigações prossigam e que cheguem a bom termo. Para que a verdade dos factos fique esclarecida.
(S.-Kahn já admitiu que de facto manteve relações sexuais com a vítima, quando inicialmente negou qualquer espécie de contacto com a mesma).
Quanto à desgraçada da empregada do Hotel, a cujo testemunho a polícia deu crédito (por alguma razão o terá feito), é de uma falta de ética, educação e sobretudo de humanismo, apegar-se-lhe o rótulo de aldrabona e interesseira, que o mesmo é dizer, tratar-se de um ser humano inferior, quase imprestável e, pior um pouco, desacreditá-la relegando-a por assim dizer para um lugar abaixo de cão, só por pertencer a uma humílima classe profissional sem cotação no mercado nem valor na sociedade.
Sociedade que só respeita e dá valor a quem detém o capital. O resto, ou seja, todas as outras classes, para aqueles que verdadeiramente mandam no mundo - e "quem manda nos países é quem controla o seu capital", já dizia o primeiro, dos vários Rothchild espalhados pelos cinco continentes, a chegar aos E.U. no séc. dezoito com o objectivo específico de fundar um banco para esse fim - são seres inferiores, inúteis, desprezíveis, não contam.
O modo como a esquerda francesa está tratar esta empregada de Hotel, mãe de família - ainda para mais guineense - e, segundo testemunho do próprio director do Hotel, funcionária exemplar desde que lá trabalha (3 anos), é paradigmal. A esquerda francesa mas também a portuguesa.
Maria
Bem, quanto a penas de dezenas de anos de cadeia (os tipos já dizem que pode ir a 70 e tal anos) só num país de selvagens.
É que é demência em último grau castigar alguém desta maneira apenas por uma tentativa de queca.
Mas espancamentos a crianças, é educação natural e nada traumático. Jesus Camps, são folclore nacional- só o raio de uma queca é que é selvajaria traumática.
Isto é o mundo às avessas. Do assédio natural que nem passava pela cabeça de alguém fazer caso de polícia, passou-se para o extremo oposto.
Mas são muito cristões, lá isso não lhes falta- é tudo sempre com muita jura e muito armajedão bem misturado.
Mas há-de ser problema meu... na volta.
Já com o método suíço do psicomongo e o trauma da grávida, foi coisa que não comoveu corno.
E com o Assange até fiz post que resume o que penso sobre o assunto- há os que têm e os que não têm.
E com os que têm, ninguém se queixa e muito menos se sente vítima.
Este deve ter sido besta. Mas mais nada.
Tirando tudo o resto que já se disse e com o qual concordo (rapidez da polícia em actuar).
Na Slate perguntam como um funcionário público socialista paga suites de $3000 USD. O salário do homem é pouco maior que o do genial ex-governador Constâncio, por coincidência também socialista.
Também falam dos fatos... que pena não haver quem fale dos fatos de outro notório socialista da nossa praceta... http://www.slate.com/id/2294227/ -- JRF
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