Citado daqui, uma pequena crónica de Pedro Guerreiro no Correio da Manhã ( comprei hoje o Púlico para concluir que gastei mal o euro que me custou. A ver se amanhã resisto ao vício):
Não é preciso fazer um programa eleitoral para afirmar que é preciso mudar a justiça. Mas nenhum dos programas que vão a votos no próximo dia 5 de Junho diz como fazê-lo. Nem sequer a troika. É missão impossível?
Assim dito dessa forma por um publicista como é Pedro Guerreiro, é mesmo impossível. Por uma razão simples de entender:
Não é preciso fazer um programa eleitoral para afirmar que é preciso mudar a justiça. Mas nenhum dos programas que vão a votos no próximo dia 5 de Junho diz como fazê-lo. Nem sequer a troika. É missão impossível?
Assim dito dessa forma por um publicista como é Pedro Guerreiro, é mesmo impossível. Por uma razão simples de entender:
Ninguém sabe ao certo como mudar a justiça. Sabem reconhecer-lhe os sintomas da ineficácia e da inoperância, mas não sabem resolvê-los. Tal como qualquer pessoa detecta o mau funcionamento de uma máquina pelo efeito que provoca, mas não conseguirá arranjá-la sem saber como funciona, também estes palpiteiros dos jornais fazem a mesma figura. Não sabem como funciona a máquina da justiça mas sabem que funcionando mal a culpa deve ser de quem a opera...
E como a máquina é muito complexa e contém em si mesma vários mecanismos sincronizados, não sabem distinguir o efeito de avaria ou paragem de um mecanismo no todo do seu funcionamento. Tomam frequentemente uma avaria num mecanismo secundário por um defeito de concepção do sistema e vice-versa.
Como resolver este problema da justiça? Ninguém, ao certo, verdadeiramente sabe. O Governo e o ministério da Justiça ( cujo ministro não se deu por achado no caso que envolve a mulher, numa demonstração épica de ética republicana) acabam de aprovar um reordenamento de comarcas, com extinção de umas, criação de outras e remodelação de outras ainda. Supostamente será para funcionar melhor.
Se não funcionar, as culpas nunca serão do construtor da máquina, entendida como perfeita, apesar de muitas vezes ser obra de diletantes, mas sim dos seus operadores.
E andamos nisto há décadas. Agora aparece a "troika" a dar palpites de estrangeiro sem entender minimamente como funciona a nossa idiossincrasia. Chegam aqui, ouvem dois ou três entendidos, tipo Boaventura Sousa Santos, outro que anda há décadas a observar o sistema mas ainda não o entendeu e depois debitam medidas. Simples e directas. Para muitos, o óbvio ululante parece-lhes fácil de operar.
Vão dar outra vez com os burros na água porque não querem ouvir quem por dentro do sistema sabe como funciona e porque não funciona...e quem se lixa, mais uma vez, é quem precisa da máquina.
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