Só 28% da população portuguesa entre os 25 e os 65 anos completaram o nono ano.' (...) Portanto, de nada valem as imaginativas escolhas políticas dos 1.569 doutorados que Portugal tem ou dos dois milhões e meio de letrados que entendem razoavelmente o que lêem e o que ouvem. São todos sufocados pelos sete milhões e meio que não atingem as subtilezas das compensações fiscais e os méritos dos equilíbrios orçamentais.
É neste grupo que se inclui o formidável lastro de incompreensão dos repetentes na população escolar já com direito a voto que não vão ser sensíveis a apelos que despertem uma ética nacional de trabalho numa cidadania responsável. Muitos deles já são produto de uma geração ela própria sem uma cultura de trabalho onde não há o estigma da vida totalmente subsidiada em permanente estado de inserção social.
Esta gente vota para o lado de onde lhe parecer vir mais dinheiro e menos trabalho. Por tudo isto, ganha debates quem optar pelo discurso orwelliano tipo "eu sou contra o FMI" ou pelo menos "eu fui contra o FMI" ou ainda melhor "eu sou contra o FMI e as agência de rating".
Cria-se um inimigo imaginário e as hordas de jovens de brinco e tatuagens poderão alinhar num novo ódio comum e irracional (...)
Conquistará ganhar este eleitorado em números quem conseguir articular claramente: o FMI é bué da mau pá. Tudo o mais são as minudências que Eduardo Catroga tão eloquentemente verbalizou no que, provavelmente, foi o único discurso político de percepção universal entre o variado eleitorado nacional."
Comentário:
Dantes, no tempo do "fassismo" havia 30% de analfabetos por não saberem ler ou escrever. Mas a terceira classe de antigamente valia o nono ano actual, sem grande exagero e porventura até exagero nenhum.
O que as sondagens nos têm mostrado como intenção de voto é que uma parte do eleitorado atingido de grave deficiência na compreensão de textos escritos, analfabetos funcionais que nem dantes existiam do mesmo modo, irão determinar o resultado das eleições e é a essa camada de analfabetos que José S. tem apelado. Porque só essa camada pode não compreender o grau de mentira, manipulação e aldrabice com que esse Inenarrável os brinda todos os dias. Ainda há bocado no debate com Jerónimo de Sousa deu sobejas provas disso mesmo.
José S. tal como Salazar aproveita a ignorância das pessoas para permanecer no poder. Daí a encenação permanente, o interesse exclusivo pela estatística em detrimento da realidade e da aparência em vez da consistência. Tudo oco, tudo forjado. Uma mentira permanente.
Dantes, no tempo do "fassismo" havia 30% de analfabetos por não saberem ler ou escrever. Mas a terceira classe de antigamente valia o nono ano actual, sem grande exagero e porventura até exagero nenhum.
O que as sondagens nos têm mostrado como intenção de voto é que uma parte do eleitorado atingido de grave deficiência na compreensão de textos escritos, analfabetos funcionais que nem dantes existiam do mesmo modo, irão determinar o resultado das eleições e é a essa camada de analfabetos que José S. tem apelado. Porque só essa camada pode não compreender o grau de mentira, manipulação e aldrabice com que esse Inenarrável os brinda todos os dias. Ainda há bocado no debate com Jerónimo de Sousa deu sobejas provas disso mesmo.
José S. tal como Salazar aproveita a ignorância das pessoas para permanecer no poder. Daí a encenação permanente, o interesse exclusivo pela estatística em detrimento da realidade e da aparência em vez da consistência. Tudo oco, tudo forjado. Uma mentira permanente.
26 comentários:
Pois. Pode ser efeito de embirração minha, mas este Mário Crespo também há-de votar de cruz sem saber o que é o FMI e mais a Troika.
O problema é que não é com cursos que se entende o que já se devia ter resolvido eleitoralmente.
E isso não se explica escamoteando tudo o resto a nível internacional.
Mas admito que embirro mesmo com o tipo e custa-me ser imparcial.
Por acaso li o mini texto do Rogeiro e até o postei.
Nunca pensei concordar com o Rogeiro. Mas foi certeiro.
Agora, é claro que não é um texto de propaganda eleitoral.
Mas o problema dele é como se ganha um debate.
Bem, isso é problema de marketing e se a escolha eleitoral se faz por saber quem ganha debates, então ele também pode limpar as mãos à parede.
Clap!Clap!Clap!para o comentário.
Do José no seu post,claro!
José,
Só acrescentaria a massificação da "cultura" do Google it e da Wikipedia.
Faz-me lembrar o Livro Vermelho do Mao que causou "indigestão" a tanto heroí do MFA,consumido a galope e sem bases,antes e depois do 25 de Abril!
Zazie, o Mário Crespo só não gosta do Cavaco, no resto vota bem.
Nem sei em que é que ele vota.
Como disse, é questão de alergia.
Mas em que é que isso altera as consequências do empréstimo do FMI?
É que eu se calhar tenho o vício de não ser nada optimista.
E acho que o empréstimo vai ter consequências lixadas porque nem é sequer passível de ser cumprido.
Até deixo aqui uma pergunta que fiz a mim própria, de forma básica e traduzi em post recente.
Se Portugal nem a trampa das empresas públicas- onde se junta toda a corrupção-, tivesse, com o que é que pagava um empréstimo?
E se pagar com elas- com todas, até pequenas, sem limite, como vem no memorando, e em saldos, como se pode ler no memorando, e mesmo assim continuar endividado, como é que depois pode pedir empréstimo?
Dá-se o quê em troca?
E nem se trata de continuar endividado, trata-se de estar na cauda para receber os empréstimos da dívida que são feitos como se cada país estivesse em pé de igualdade.
Nunca os americanos teriam este problema porque a América é mesmo um país com união de regiões.
A UE é uma treta de uma mentira com um Império bismerkado a fazer-se tal como se fez antes da guerra.
A fazer-se ou a desfazer-se. Essa é a questão do futuro que não se sabe.
Estas eleições não deviam existir.
É o que eu penso. Não deviam e devia ter sido formada qualquer treta de salvação nacional e não ser um vigarista a assinar uma trampa que é um roubo descarado.
E acho que o resto anda a tapar porque também querem chegar ao poleiro.
Acho que ninguém toca na treta do empréstimo e até escondem por saberem que é, mas estarem em eleições.
Zazie, óbvio é que não se vai pagar dívida nenhuma... agora a minha nova tese: o que é preciso é manter Espanha a flutuar. Para que o resto continue a flutuar. Empurra-se Portugal com a barriga, para daqui a três anos. E a pobreza vai cair e começa a considerar que desta vez vai ser à séria.
Hoje o Económico já nos anuncia como a economia mais pobre da Europa daqui a um ano. Nem eu fui tão pessimista quando entraram os de Leste. Por um lado, sempre achei que ia demorar mais, por outro, que iríamos ter um ou dois atrás, embora não de Leste. Enganei-me. -- JRF
O grande trafulha e Salazar na mesma frase é coisa que nunca me soará bem. Soa-me a conversa estafada. Deixe o homem em paz, já morreu há tanto tempo e continua a ter as costas largas. E é que nem tem comparação com o grande trafulha.
E quanto à ignorância das pessoas, eu olho para uma escola do Estado Novo e vejo um local de cultura, rigor, disciplina e aprendizagem. Olho para as escolas de hoje e vejo uns barracões. Parece que se gastaram mais uns milhares de milhões a instalar "ares condicionados". Seja, são uns barracões bem arejados. -- JRF
Vai haver miséria e daquela nunca vista.
É do que tenho a certeza. E nem sei o que é isso de aguentar os espanhóis porque nem federalismo ibérico existe e não tarda nada toca-lhes a eles.
O Salazar era nacionalista e nunca teria permitido isto.
Eu ando lixada com esta trampa e nem sei explicar bem, mas é por sentir uma coisa que nunca imaginei vir a assistir- Portugal a acabar.
O que eu vejo é que os bancos levaram a maior benesse que se podia imaginar, estão-se nas tintas para dívidas porque não são eles que a pagam e o Estado ainda vai ter de lhes comprar o que o FMI deu.
Fiz esse post dia 7 de Maio e, até agora, não apareceu ninguém a comentar.
E sei que não está errado porque eu pensei parte, em directo, no Blasfémias e depois, por mera coincidência, recebi mail a falar do mesmo e o post foi feito a meias.
Está lá- dos 12 mil milhões que o FMI oferece aos bancos, o Estado tuga ainda vai ficar com encargo a dobrar para pagar.
e isto, apenas por alto. Porque a cena com a banca é impressionante e é praticamente tudo. O resto é aresto e o que sobra e toda a gente papagueia como as "grandes medidas"- os cortes nas PPS, nas autarquias, fundações e restante montruosidade de parasitismo, é conselho que eles dão.
Mero conselho- aí não há bens para arresto nem impostos a cobrar para lhes entregar.
E isso até é o que nem vai para a frente por causa das clientelas que todos têm.
A acabar não sei... mas acho que nada voltará a ser igual. Mas estava à vista. É como a globalização, a emigração em massa para a Europa, os combustíveis fósseis, o declínio cultural da Europa, a riqueza feita de nada... sei lá... tantas coisas que me parecem evidentes mas não são para os outros.
Estou a ler a situação como um livro aberto. -- JRF
Existem algumas coisas nesta estória com piada: Os alemães querem o ouro do Banco de Portugal que segundo o WJS foi roubado pelos nazis ao resto da Europa nomeadamente à Grécia.
cf.Portugal's Golden Dilemma
Wall Street Journal - Neill Lochery
Isto é assim com nºs que a poesia para estas coisas não serve.
Com este empréstimo largado hoje, Portugal vai ter de pagar, só em juros, 11 milhões de euros por dia.
Ou seja, 1/3 ou 1/4 de toda a produção diária do Estado vai directamente para pagar JUROS.
E eu bem pergunto a todo meco economista que por aí anda, como se resolve isto.
E nada. Nem uma única resposta.
Não tarda nada ainda me chamam comunista.
Zazie,
Não estas a contabilizar o custo do hedging do empréstimo do FMI que transformará a taxa variavel de 2,23% em 5,50%.
Verás que seria interessante ter para cada uma das tranches fmi e UE o seguinte:
- montante
- prazo
- indexante (e resp. valor 'a data de hoje)
- spread (e estimat. de como foi atribuido)
Se isto for calculado é evidente que é impossivel pagar o resgate.
A alternativa é o default e a reestruturação.
Pois, fiz por alto. Mas é evidente que não se pode pagar.
Então porque é que ninguém faz nada?
Qual é a ideia dos imbecis? Qualquer banqueiro sabe como se faz- não se paga, protela-se a dívida, torna a negociar a dívida, entra nos derivados e aumenta para uns 10 anos.
A seguir consegue dinheiro de graça para investimento. E ainda ganha sem nunca pagar.
Como Portugal não é um banco, que raio é que estes anjinhos julgam que podem fazer?
Parabéns ao tributo que o Joserui presta a Salazar e parabéns também à Zazie pelo mesmo motivo. O Estadista podia ter todos os defeitos do mundo e tinha alguns, mas tinha quatro qualidades que o distanciavam anos-luz destes pseudo políticos vigaristas, corruptos, ladrões e moralmente indignos, que temos tido o terrível azar de suportar como governantes desde há quase quarenta anos e pelo visto iremos continuar a ter. Deus queira que não por muito mais tempo.
Nos Estados Unidos a revolta contra a gigantesca farsa que é a política já começou em força há algum tempo e os movimentos nacionalistas contra a corrupção, mentiras e degradação do Estado e das seitas que o controlam são mais do que muitos. E vão estender-se à Europa - aliás já existem vários há bastante tempo mas sem grande força política - e ao resto do mundo. E serão revoltas a sério. É só esperar para ver.
Quem puder não perca os videos de um físico e ex-professor universitário norte-americano, que deixou o ensino para formar um movimento patriótico, National Alliance, com o fim específico de desmascarar a corrupção e a degradação política e moral que atinge o sistema de alto a baixo no seu país e que, na sua opinião, começou no governo de Clinton (a quem acusa de crimes políticos e pessoais gravíssimos, com provas do que afirma em sua posse) indo-se agravando substancial e irremediàvelmente até aos dias de hoje.
Serve, senão para mais, pelo menos para reflectirmos sèriamente nas enormas parecenças existentes entre os políticos e a política de cá e de lá.
Maria
Deixo aqui um artigo que achei interessante, sobre o papel dos bancos centrais:
http://www.zerohedge.com/article/guest-post-good-bad-and-ugly-part-3
Não será uma explicação para o estado da nação, mais para o estado dos Estados
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