quarta-feira, maio 04, 2011

A tiragem das ofensas

Decorre no tribual criminal de Lisboa um julgamento em que se discute se uma peça de teatro baseada num livro pode constituir um acto de difamação de alguém já falecido.

No caso, a famíla de Silva Pais, último director da DGS ( a notícia do Público em que me baseio só refere a PIDE, o que é significativo da incorrecção histórica e do enviesamento subjacente), polícia política do antigo regime, entende que a atribuição factual, ao seu familiar, de responsabilidades directas na morte de Humberto Delgado, como co-autor do crime de homicídio, é uma ofensa à memória da pessoa falecida.


Segundo o Público de hoje, Carlos Fragateiro, , antigo director do teatro D. Maria II e um dos visados na queixa apresentada "questionou ontem em tribunal se é possível "manchar a honorabilidade" de um responsável por uma polícia política" .


Para estes "antifachistas" de sempre, um responsável por uma polícia política, ipso facto, está desprovido de honra e despromovido à categoria de "üntermensch".

A honra pessoal á apanágio de "antifachistas" que defenderam as polícias políticas mais hediondas de que há memória na História. E negaram os seus feitos. E não renegaram as suas crenças. Os que se lhe opunham em nome de uma legalidade não têm direito sequer ao bom nome. Sacanas sem lei, portanto.


No editorial do jornal, o assunto é notícia, para se escrever que "acusar uma peça de teatro a tal pretexto, é, no mínimo, impensável".

Portanto, no mínimo "impensável". No máximo será, talvez... o quê? Absurdo? Inexistente no campo das hipóteses plausíveis? Onírico e portanto inelutável para o sonhador?

Então o que se deverá dizer de uma queixa crime em tempos apresentada por um notável da nossa praça política, contra uma pessoa que lhe disse ter pisado a bandeira nacional, no exílio dourado onde se encontrava?

Uma queixa "impensável" , também?

Bárbara Reis que dirige o jornal, tem nestas tiradas de luxo o seu cartão de apresentação. O jornal por estas e por outras de teor igualmente jacobino e completamente esquerdizado nos preconceitos adquiridos, tem descido nas vendas. Já vai em 31 950 exemplares, numa descida de 33 393 desde a última contagem. A notícia no jornal sobre este fenómeno ainda é mais fenomenal: "Correio da Manhã sobe e Público ultrapassa DN".


Parece uma notícia lida no teleponto pelo primeiro-ministro...

15 comentários:

zazie disse...

José. Isto tem sido a maior anormalidade que se pode imaginar.

Eu deixo-lhe aqui o link do facebook onde se pode ler indignações como dizer-se que o mal foi não se ter feito como o Otelo queria e matar todos os fascistas porque é por culpa deles que Portugal está na bancarrota.
Eu já me passei com esta anormalidade e com os argumentos de QI negativos de gente da AMI e outras personalidades muito anti-facistas.

http://www.facebook.com/event.php?eid=200115870027668

zazie disse...

«Ilidio Lacerda
Boa parte da população portuguesa ainda é fascista até aos cromossomas. Daí a mesquinhês, a inveja e a ignorância. Se fossemos tipos dessa laia, tínhamos encostado essa cambada da PIDE e acólitos à parede. Perguntem ao Otelo. Por o não termos feito estamos na situação actual e muitos desses ainda recebem reformas pagas pelos trabalhadores de hoje. Ás pessoas falecidas dessa raça, eu como bom "católico" mandava-as desenterrar e organizava um Acto de Fé inquisitorial se fosse possível no Largo do Carmo.
»

Eu perguntei-lhes o que é que queriam em nome da liberdade e da democracia. Perguntei-lhes o que é que era correcto- a lei não poder ser usada igualmente por todos e os tribunais impedidos de aceitarem queixas de descendentes de facistas.

E perguntei-lhes também se até gostavam da lei e se se tinham lembrado de fazer vigília quando foi usada pela esquerda para pedir indemnização ao Sol.

Isto é o melhor exemplo que se vive de palavras e que o papão rende.

zazie disse...

O que eu vi ali, naquele ulular acéfalo foi literalmente a incapacidade de aceitarem que a lei seja independente do Poder e igual para todos.

Todos os que andam para lá aos berros acham que o simples facto de alguém ter pertencido legalmente á polícia política da Ditadura, ter sido o seu chefe, deve permitir que se diga tudo, até mentiras e que os descendentes sejam marcados na testa e impossibilitados de uso de cidadania como os cidadãos anti-facistas.

E quem decreta os direitos são eles- os que sabem o que é uma ignomínia facista má e uma ignomínia anti-facista boa. Essa é heroísmo. As FP 25 foram boas. O Otelo ainda é chamado como exemplo do que se deveria ter feito em nome da democracia e liberdade- matar todos os escolhidos com genes facistas.

josé disse...

Estou a ler o livro de Pedro Feytor Pinto, - Na Sombra do Poder- o último porta-voz de Marcello Caetano.

Essa passagem do Facebook ( não acedo , não tenho conta nem quero ter) é exemplar do radicalismo que conduz a Pol Pot e quejandos.

Facínoras. Doentes mentais. Assassinos. São esses a massa nuclear de certos movimentos.

zazie disse...

Pois faz bem em não ter. Eles criam páginas sem pedirem autorização, através do Gmail ou do Yahoo.


E é mesmo melhor não ler porque há coisas doentias e esta é uma delas.

AF disse...

José,

Leio frequentemente os seus artigos aqui no Porta, já os lia no tempo da Grande Loja. Sempre admirei (e continuo a admirar) os seus argumentos, e sempre apreciei acima de tudo, a lógica com que aborda as questões.

No entanto, neste artigo em particular, ao ler:

"A honra pessoal á apanágio de "antifachistas" que defenderam as polícias políticas mais hediondas de que há memória na História. "

fiquei com uma dúvida: o facto dessas pessoas terem eventualmente defendido polícias políticas hediondas, faz com que a polícia política em questão deixe de o ser (mais ou menos, penso que o grau aqui é irrelevante)?

Ou seja, "...é possível "manchar a honorabilidade" de um responsável por uma polícia política" " ? (seja ela qual for)

josé disse...

Caro AF:

As polícias políticas são o que são: instrumentos políticos de regimes tendencialmente totalitários.

Quem as dirige, suporta ou apoia, directa ou indirectamente, são ogres, ipso facto?

Alguns o serão. Outros, nem tanto.

Os antifachistas têm a tendência em remeter a PIDE ( a DGS para eles nunca existiu porque a sonoridade semântica de PIDE lhes agrada mais) para o campo de extermínio da decência política. A PIDE é o mal absoluto.

Esquecem a NKVD, o KGB, a STASI etc, polícias políticas que defendiam objectivamente e sem rebuço. E no entanto eram polícias políticas que nem tinham comparação em acções de polícia com a PIDE.

É este o facto que pretendo realçar.

E outro ainda: Gorbatchev foi dirigente que usou directamente a KGB na ascensão ao poder.

Isso faz dele um ogre ipso facto?

zazie disse...

Mas eu não percebo. A acção é individual e com factos. Com palavras ditas na peça e ninguém sabe até quais são.

A peça de teatro foi feita, o livro está à venda.

Pergunta-se: os descendents não tinham direito como qualquer cidadadão de apresentar queixa em tribunal e o tribunal devia estar impedido de aceitar queixas de descendentes de facistas?

É isso? qual é o problema? é a justiça poder ser exercida sem tribunais plenários escolhidos pelos anti-facistas auto-eleitos?

zazie disse...

Mas o mais anormal é que isto é feito em nome da historieta da filha dele. A tal "rebelde" que preferiu a polícia política de Cuba!

E o processo diz respeito a frases acrescentadas pelos tipos no teatro. E agora transformam isso- esse direito de haver processo e os juízes lá decidirem se há ofensa ou não, por uma imbecilidade de "branqueamento da PIDE e alteração da História.

Literalmente! o MP nem entra no caso, é uma acção entre pessoas concretas. Mas andam aí a movimentar a revolta porque para estes trogloditas esses descendentes, tal como o José disse, são infra-humanos.

E até à 20ª geração, dessa família Silva Pais tudo devia ter limites à cidadania, em nome da democracia e preservação da Liberdade. Conquistadas por estes combates onde estes mentecaptos se revêem.

zazie disse...

Imagine-se, por esta lógica de estigma que até se dizia que o tipo tinha sido um violador.
Na maior, como se pode ler entre aquelas criaturas mongas, alguém que pertenceu à PIDE é tudo. Não há honra nem memória a não ser a cuspir até na descendência pela ofensa da queixa.

zazie disse...

Não há sequer História factual- há acusação e estigma a que chamam "não apagar a memória".

E isto em nome da Liberdade. O que é impressionante é que estas criaturas demonstram que nem entendem o que se chama liberdade ou sequer democracia.

Para eles a liberdade é ideológica. E a democracia uma cena que apenas deve tocar a uns e não a outros.

É vingança. Esta treta é ainda o ulular da matilha que me lembro do PREC.

E é impressionante ler quem alinhou nisto.

zazie disse...

Eu até apaguei a treta da conta do facebook que o yahoo tinha criado sem me perguntarem.

É que só dá para depois ir lá e fazer em cacos aquela mongalhada. E há surpresas entre quem se pode juntar a esta imbecilidade e eu prefiro nem saber.

zazie disse...

Não houve um único, um único até com cargos e entidades expostas, que foi capaz de me explicar o motivo da revolta.

E nem um único que me insultou conhecia ou estava interessado em inteirar-se dos factos apresentados a tribunal.

Bastava ser coisa que vem de facistas e descendentes de facistas e a branquear, portanto, o facismo. E ser até uma prova de como o facismo está activo e consegue ter direito a tribunal para se branquear.

É isto que do 5 Dias à AMI, de jacobinos a supostos católicos vingadores, se pode ler.

AF disse...

Caro José,

Espero que não me entenda mal; não estou a fazer nenhum juízo de valor ou de outra ordem sobre a totalidade da exposição que fez, apenas me pareceu essa parte da fundamentação em particular pouco sólida.

Agora, é claro que se relativizarmos, haverá "ogres" mais honoráveis que outros. Se usarmos um Stalin como bitola, por exemplo, qualquer tiranete é um anjinho.

José Domingos disse...

Consta, que os grandes inimigos de Humberto Delgado, eram os turistas de Argel. A emboscada, em Espanha, está muito mal contada. Os antifachista, gordos e luzidios, estão a censurar o passado.
Há boa maneira soviética.